São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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Crítica

Pernas fazem a graça da "Bela do Bas-Fond"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Talvez o que haja de mais encantador em "A Bela do Bas-Fond" (TCM, 23h15) sejam as evidências físicas que nos fornece Nicholas Ray, diretor deste filme de 1958. Robert Taylor é um advogado de gângsteres. Está afundado até o pescoço nas sujeiras dos patrões. Ele se apaixona por uma "party girl", na pessoa de Cyd Charisse.
O que tem de mais nisso? É que Taylor é manco (no filme), enquanto Cyd tinha as mais belas pernas do mundo (no filme ou em qualquer outro lugar). O defeito físico de Taylor é o lado visível de sua fraqueza moral.
Daí que, em contato com as pernas de Cyd Charisse, que é uma mulher com posição infinitamente mais frágil ("party girl" é garota de programa, no fundo), Taylor descobre na força moral da mulher a força para se opor a seus patrões e tentar mudar de vida.
O melhor cinema é assim: sempre arruma um jeito de trazer as coisas mais profundas para a superfície, o território das evidências, mas também o do acontecer.


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