CRISTIANA COUTO
especial para a Folha

A forte presença dos restaurantes na categoria identidade visual da 4ª Bienal de Design Gráfico é, na avaliação de Ricardo Ohtake, um dos diretores da ADG (Associação dos Designers Gráficos), um reflexo da liberdade que a comida oferece.
"Há hoje uma preocupação dos estabelecimentos com a qualidade de sua apresentação por conta da concorrência, e a comida permite uma liberdade de criação de suas marcas muito maior", diz Ohtake.
Dos 22 projetos selecionados na categoria, de um total de 312, quase um terço deles pertence a restaurantes, choperias e butiques gastronômicas.
O que se nota na maioria dos selecionados são desenhos em estilo barroco e sobreposição de imagens que dividem espaço com linguagens limpas e organizadas, ambos desenvolvidos em cardápios, sinalizações internas das casas, uniformes, brindes, copos, apoio para pratos, embalagens para pães.
Entre os classificados estão os projetos da choperia Pinguim (criação da designer Simone Mattar), da pizzaria Carlitos (Mattar e Stefano Rovai), do restaurante Trio (concebido por Dora Levy), do Mastroiani (Ruth Klotzel e Paulo Labriola), e o projeto da Pão-de-Ló (Tangran).
Do Rio de Janeiro, foram selecionados os trabalhos da confeitaria Le Panetier (Evelyn Grumach) e do Rock in Rio Café (Valéria London e Ana Velho).
De acordo com o designer Chico Homem de Mello, jurado desta bienal, "a estética pós-moderna confabula com a moderna no universo dos trabalhos selecionados". Nos trabalhos apresentados, como o da arquiteta e designer Simone Mattar, "a linguagem complexa, aberta e multielementar se opõe à sintética".
A "marca aberta" de Mattar surge nas 12 espécies de pinguins, feitas com traços bicos-de-pena para a choperia de Ribeirão Preto. "Não acredito em poucos elementos, na sintetização da idéia", diz ela. "Quero criar o conceito por trás de várias concepções de imagem, sem precisar repeti-la."
Dora Levy, que fez a concepção visual do restaurante Trio, e Roberto Fix Ventura (da Tangran Design), com a franquia de padarias Pão-de-Ló, optaram por um visual mais limpo.
"A concepção da franquia foi estruturada com simplicidade para poder ser aplicada e fixada facilmente", explica Ventura. "A identidade visual em restaurantes não pode ser fria, tem que ser algo quente, com vida, para atrair as pessoas", avalia Levy, que concebeu o projeto do Trio baseado nas letras do logo e nas cores vermelho e amarelo.
Segundo Homem de Mello, a quantidade de trabalhos na área de identidade visual em restaurantes chamou a atenção. "É uma das áreas de serviço que está mais atenta à importância da concepção visual."

O quê: 4ª Bienal de Design Gráfico Quando: até dia 29 de março (ter a dom, das 10h às 21h) Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/3871-7777)



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