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NO RIO
Sinfonia do irmão de Henfil e Betinho é apresentada no BNDES
da Sucursal do Rio
Poucos meses antes de morrer,
vítima de Aids contraída em uma
transfusão em março de 1988, o
músico Francisco Mário -irmão
de Betinho e de Henfil- passou
três meses em um hotel fazenda
em Itatiaia (a 175 km do Rio)
compondo.
Uma das peças criadas por
Francisco Mário no período foi a
"Suíte Brasil", uma sinfonia em
dez movimentos, cada um deles
referindo-se a um período da história do Brasil.
A peça será apresentada hoje no
teatro do BNDES (centro do Rio)
em uma nova versão e com um
novo nome. Marcos Souza, 28, filho de Francisco Mário, fez novos
arranjos para o trabalho, agora
chamado "Suíte Brasil 500 Anos".
Marcos Souza, no piano, Afonso Machado no bandolim, Bartolomeu Wiese no violão e Henrique Drach no violoncelo, apresentarão a obra de Francisco Mário.
Os movimentos serão intercalados com a leitura de poesias de
Affonso Romano de Sant'Anna,
pelo ator Ricardo Kosovski.
Que País É Este
"Paraíso Perdido", uma melodia inspirada nos índios habitantes do país antes do Descobrimento, é o primeiro movimento
da suíte de Francisco Mário.
Acompanhando o movimento,
será lido um trecho de "Que País
É Este", de Sant"Anna.
A suíte prossegue com "Princípio Real", uma valsa referindo-se
ao período monarquista, "Choro
Nacional" (que tem como tema o
primeiro governo de Getúlio Vargas e o início da industrialização
do país), e "Bossa Velha" (lembranças de JK e a modernização
do Brasil).
A "Suíte Brasil 500 Anos" segue
com "1964", uma referência ao
golpe militar, e "1968", uma guarânia inspirada em "Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores", de
Geraldo Vandré.
A seguir, em "Balada Negra", há
referência ao período de governo
do presidente Emílio Garrastazu
Médici (1969-1974).
Diretas
Francisco Mário terminou sua
suíte com os movimentos "Valsa
Relativa" (sobre a abertura política) e "Diretas" (sobre a campanha
para eleições diretas para a Presidência da República).
"Em sua última apresentação
pública, em novembro de 1987,
meu pai tocou a Suíte e disse que
não estava satisfeito com seu encerramento. Sarney havia assumido a presidência após a morte
de Tancredo e, para meu pai, este
não era um encerramento satisfatório. Por isso, ele decidiu repetir
o primeiro movimento, o "Paraíso Perdido". É assim que vamos
encerrar nossa apresentação", diz
Marcos Souza.
"Suíte Brasil 500 Anos" será
apresentada às 19h no teatro do
BNDES (avenida Chile, 100, centro do Rio), com capacidade para
400 pessoas. A entrada é franca e
senhas serão distribuídas a partir
das 18h.
(CRISTINA GRILLO)
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