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"Hamletmaschine" espelha Müller
DA REPORTAGEM LOCAL
A máquina Hamlet vai ranger,
desconstruir e silenciar no palco
do Instituto Goethe, em São Paulo, onde chega após participação
no Festival de Teatro de Curitiba,
no qual foi um dos destaques da
mostra paralela, o Fringe.
Radicada em Berlim, a atriz carioca Carla Bessa assina a direção
de "Hamletmaschine", na grafia
original da obra do dramaturgo
alemão Heiner Müller (1929-95),
traduzida por Christine Röhrig e
Marcos Renaux.
O espetáculo faz sua estréia
mundial no Brasil, numa encenação da companhia berlinense
Theaterproduktion, criada em
1997 por Carla. No ano passado,
ela trouxe ao país o monólogo
"Espaço de Olga", baseado na vida da judia Olga Benário, mulher
do líder comunista Luís Carlos
Prestes, deportada e morta em
um campo de concentração.
Para a atriz e encenadora,
"Hamletmaschine" é emblemática do processo de fragmentação
que Müller empreendeu em sua
carreira a partir de meados dos
anos 90, distanciando-se, por assim dizer, das origens brechtianas, ele que chegou a dirigir a lendária Berliner Ensemble, companhia teatral fundada por Bertolt
Brecht (1898-1956).
"A partir desse momento, Heiner Müller quebra de vez a tradição dramática uniforme de sua
época e dá preferência ao fragmento como caminho mais apropriado para o teatro, ainda que
negue e reafirme essa postura várias vezes", diz Carla Bessa.
O não-Hamlet de Müller é
atemporal e multifacetado. É também Ofélia e Ricardo 3º, para citar
outros personagens de Shakespeare. É ainda o ator no papel de
Hamlet, espectador e autor da
própria história.
Carla contracena com a brasileira Fernanda Farah ("A Vida É
Cheia de Som e Fúria") e com o
alemão Tobias Dutschke, que responde ainda pela música incidental executada ao vivo.
(VS)
Peça: Hamletmaschine
Texto: Heiner Müller
Direção: Carla Bessa
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb.,
às 21h; dom., às 19h. Até 29/4
Onde: Instituto Goethe (r. Lisboa, 974,
Pinheiros, tel. 0/xx/11/3088-4288)
Quanto: R$ 12
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