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Cinema/estréias
Crítica/"Uma Juventude como Nenhuma Outra"
Longa explora obsessão por segurança
Cineastas mostram as dificuldades nas tarefas diárias de vigilância de duas garotas israelenses pelas ruas de Jerusalém
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Como vive uma sociedade obcecada com questões de segurança? O
retrato de jovens garotas recrutadas compulsoriamente para
servir no Exército israelense
em "Uma Juventude como Nenhuma Outra" parte dessa
questão, mas não se limita a ela.
O filme, dirigido pela dupla
de cineastas Vidi Bilu e Dalia
Hager, acompanha as tarefas
diárias de vigilância de duas garotas, Mirit e Smadar, pelas
ruas de Jerusalém.
O desconforto de ter de abordar os indivíduos árabes tinge
de crítica política o trabalho
das diretoras. Essa situação,
contudo, serve apenas de trampolim para as cineastas desenvolverem sua crítica num sentido mais personalizado.
O foco se desloca gradualmente para a imaturidade das
jovens, postas numa situação
constrangedora por causa da
obrigatoriedade do serviço militar. Ainda marcadas pela ingenuidade e pela rebeldia inerentes à adolescência, Mirit e Smadar são forçadas a agir de acordo com regras estritas de rigor.
É nessa contradição que o filme encerra seus pontos de interesse, ao acentuar o conflito
entre as esferas privada e pública, no desejo de insubmissão e
no desconforto das situações.
Para alcançar a dimensão da
subjetividade, as diretoras se
concentram na intimidade das
personagens, o que nem sempre conduz a resultados satisfatórios. A certa altura, a narrativa tende a se deslocar para os
sonhos românticos juvenis.
Nessas situações, a intimidade deixa de ser um importante
contraponto e passa a ser retratada com um peso maior que o
necessário, o que conduz a uma
despolitização gradual do filme. A despeito dessas derrapadas, a opção por um relato na
forma de crônica faz de "Uma
Juventude..." uma produção
que cumpre a contento sua pequena ambição.
UMA JUVENTUDE COMO NENHUMA OUTRA
Direção: Vardit Bilu e Dalia Hagar
Produção: Israel, 2005
Com: Neama Shendar e Smadar Sayar
Quando: a partir de hoje no Reserva Cultural
Avaliação: regular
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