São Paulo, quarta-feira, 06 de abril de 2011

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Solistas incendeiam crise na OSB

Orquestra enfrenta cancelamento de concertos com artistas consagrados em represália à demissão de integrantes

Daniel Marenco-08.ago.10/Folhapress
Minczuk e Nelson Freire durante apresentação com a OSB na Sala São Paulo, no ano passado

CRISTINA GRILLO
DO RIO

A crise que desde março atinge a OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) não dá sinais de arrefecer.
Depois que artistas do porte dos pianistas Nelson Freire e Cristina Ortiz e do maestro Roberto Tibiriçá decidiram cancelar seus concertos, incomodados com a demissão por justa causa de -até agora- 32 músicos, a expectativa é que outros solistas convidados desistam de suas apresentações.
Na segunda-feira à noite, os instrumentistas articulavam o envio de uma carta aberta aos músicos convidados -e a seus empresários- informando sobre a situação e o apoio de Ortiz, Freire e Tibiriçá, esperando assim conseguir novas adesões.
Por seu lado, a OSB tentava contato com os solistas para reverter suas decisões. "Não gostaríamos de considerar isso como definitivo.
Roberto [Minczuk, maestro e diretor artístico da OSB] vai conversar com eles para que possam avaliar melhor sua decisão", disse à Folha Eleazar de Carvalho Filho, presidente do conselho curador da Fosb (Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira).
Por isso ainda não há decisão sobre quais alternativas poderão ser oferecidas àqueles que compraram assinaturas para a temporada 2011.
"Os cancelamentos mostram que a verdade está do nosso lado. Músicos desse nível não se dobrariam a pressões, nem nós teríamos coragem de pressioná-los", afirmou o violinista Luzer Machtyngier, um dos demitidos e que presidia a comissão dos músicos da orquestra.
As desavenças entre músicos e direção começaram em janeiro, quando os instrumentistas receberam uma carta informando que, a partir de março, seriam submetidos a audições de avaliação. Apenas 35 dos 82 músicos compareceram às avaliações. Dos que não compareceram, 32 já foram demitidos por justa causa.
Atualmente, os músicos recebem entre R$ 6.167 e R$ 7.767. A partir do segundo semestre os salários ficarão entre R$ 9.367 e R$ 11.047.
A Fosb é uma instituição privada que tem entre seus principais mantenedores a Vale, a Prefeitura do Rio e o BNDES. Seu orçamento para 2011 é de R$ 34 milhões, 60% dele captado via Lei Rouanet.

TRISTEZA
Cristina Ortiz, 60, declarou que a situação "alcançou magnitude inimaginável".
Com os concertos de 30 de abril e 1º de maio cancelados, Ortiz disse que adoraria se apresentar no Rio "tocando apenas com os demitidos da OSB, sem regente".
Sem apresentações previstas com a OSB para a temporada 2011, o violoncelista Antonio Meneses se mostra solidário. "Quando metade dos músicos foram demitidos, não pude mais manter minha neutralidade", disse.
Em e-mail à OSB, o pianista Nelson Freire, que está na Europa, informou que cancelava seus dois concertos previstos para agosto "chocado com a demissão em massa dos músicos".

Colaborou IRINEU FRANCO PERPETUO.


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