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FESTIVAL DE FESTIVAIS
Dupla alemã Laub traz a São Paulo dance music inteligente testada em BH
Berlim experimental
DIEGO ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Eles dividiram opiniões em BH.
Nem de longe tão badalado quanto o Stereo Total, que se apresenta
por aqui na quinta, nem tão dançante quanto os sets de elech-tech
de Ellen Allien, com quem dividem o palco hoje, a dupla alemã
Laub abre o festival eletrônico Hype, em SP, com uma provocação: "Nossa música não serve para divertir, ela pode deixar as pessoas infelizes e incomodadas".
Extraída de um par de laptops, a sonoridade da banda, formada
em 1996 em Berlim, não é de fato das mais facilmente digeríveis.
Tanto que só foi encontrar morada em um dos selos mais experimentais da cena eletrônica alemã, o Kitty-Yo, de Peaches, Gonzales
e Rechenzentrum.
"Nunca fomos de nos prender a um só estilo, o que tornou difícil
encontrar uma gravadora que aceitasse os trabalhos do Laub",
conta a vocalista Greie, 33, que tem também um projeto solo,
AGF, do qual os mineiros também tiveram uma amostra no Eletronika (leia ao lado).
A reação do público ia de sentar e prestar atenção ao trabalho,
aproveitar para puxar uma conversa com o colega ao lado ou até
aproximar-se da profusão de cabos e botões operados pela dupla
para saciar uma curiosidade. Audio e vídeo eram processados simultaneamente, um encontro de Stockhausen com Kurosawa.
"O fato de usarmos as mesmas ferramentas não quer dizer que
tenhamos a ver com o tecno tradicional. Meu background é de
punk. Tem muita música eletrônica de que não gosto", conta o
ex-alemão ocidental Jotka, 35 -autodidata, Greie vem da ex-Alemanha Oriental e só teve contato com seu primeiro computador no meio dos anos 90.
"Agora uso meu laptop para tudo, para compor, programar, me
apresentar e atualizar o site da banda", diz a vocalista, lembrando que "Filesharing", terceiro e
mais recente álbum da dupla, foi
também todo construído durante
uma troca de e-mails e arquivos de MP3 entre os dois.
Espécie de IDM (dance music inteligente) sem o D, o Laub, por
mais que tente, não consegue esconder os resquícios de tecno,
electro e drum'n'bass que formaram a sua identidade atual -em
meados dos 80, a dupla excursionou sob o nome Tritop, uma banda de d'n'b com instrumentos.
"Sempre busquei um meio para que minha guitarra soasse eletrônica", diz Jotka, que, além de usar seu laptop em trabalhos de designer, empunha o "instrumento"
para compor faixas eletrônicas
para uma coletânea de blues.
O jornalista Diego Assis viajou a convite
da organização do evento
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