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Ok computador
Divulgação
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A partir da esq., Thom Yorke, Jonny Greenwood, Ed O'Brien, Colin Greenwood, Phil Selway; no destaque, a capa do novo álbum |
Com "Hail to the Thief", Radiohead reencaixa o rock no meio de suas experimentações
Baterista Phil Selway fala sobre o vazamento do CD para a internet, turnê pela América do Sul e mudanças sonoras da banda
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LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Seja em Moscou, Tóquio, Londres, Nova York ou nas lojas de
discos das Grandes Galerias, em
São Paulo, a cena pop pára nos
próximos dias para saudar a chegada do novo CD do Radiohead.
Este "Hail to the Thief", que será
lançado no Brasil na segunda, o
sexto disco do mais cultuado grupo de rock no mundo, nem chega
a ser grande novidade para quem
tem o mouse do computador direcionado para a revolução da
distribuição de música na internet. Tal disco já é consumido em
alta velocidade na rede desde que
vazou inteiro, há dois meses, fato
que pode ter a polêmica e a importância medidas pela quantidade de capas que mereceu em revistas e jornais de todo lugar, inclusive desta Ilustrada.
Para explicar esse encontro do
"Hail to the Thief" real e do virtual
("O disco não estava pronto"), falar do inqualificável som da banda dentro dos rótulos convencionais ("Já ouvi dizer que fazemos
rock espacial experimental, seja lá
o que for isso") e mostrar desconhecimento quanto à abortada
vinda ao Brasil no ano passado, a
Folha conversou por telefone, de
Londres, com Phil Selway, 36, baterista e fundador do Radiohead.
Folha - Vocês acabaram há pouco
uma pequena turnê britânica. Como foi a aceitação das músicas novas por parte dos fãs?
Phil Selway - Muito boa. Embora
a gente já venha tocando várias
das canções do novo álbum desde
o final do ano passado [turnês em
Portugal e Espanha], as músicas
estão ficando mais fortes, mais intensas conforme vamos nos apresentando. Algumas, como "The
Gloaming" e "Backdrifts", estão
ficando mais cruas, enquanto outras mais simples, como "Punch
Up at a Wedding", vão indo por
um caminho experimental, têm
ganhado uma sofisticação natural. Os shows do Radiohead têm
sido bem diferentes a cada apresentação. Nós gostamos disso. E
acho que os fãs também.
Folha - Como você descreveria o
novo álbum?
Selway - Acho que esse disco é o
que mais conseguiu captar no estúdio a energia que o Radiohead
leva para o palco. Geralmente
cansamos logo do disco de estúdio, mas renovamos nossa alegria
de ser uma banda a cada vez que
tocamos nossas músicas ao vivo.
"Hail to the Thief" carrega elementos do que já fizemos nos outros cinco álbuns, mas é o que melhor captou a felicidade da banda
em tocar. Nunca estivemos tão felizes como agora. "Hail to the
Thief" consegue, nas letras, ser
mais direto, chegar mais nas pessoas, do que "Amnesiac" [2001] e
"Kid A" [2000]. E musicalmente
considero quase tão bom quanto
"OK Computer" [97].
Folha - Que tipo de música pop
faz o Radiohead? Como você definiria a linha sonora da banda desde o
roqueiro "Pablo Honey" (93), passando pela guinada atmosférica de
"OK Computer" e chegando a este
"Hail to the Thief"?
Selway - Bem, nós vivemos juntos como uma banda desde 1985.
Inevitavelmente, até como um
meio de sobreviver e de nos suportarmos, atravessamos diversas fases distintas. Somos muito
felizes em sempre encontrar novos meios de trabalhar, de acordo
com o que o pop nos oferece em
determinado tempo e espaço. O
que não quer dizer que renegamos o barulho que fizemos com
"Creep" ou a histeria eletrônica
que colocamos em "Paranoid Android" sete anos depois, por
exemplo. Nosso desafio é fazer
músicas que não fiquem datadas.
Folha - O quanto chateou vocês o
fato de o CD ter vazado para a internet?
Selway - Ficamos bastante desapontados. As músicas nem estavam prontas. O que vazou não era
aquilo que queríamos mostrar
para o público.
Folha - A versão de "Hail to the
Thief" que apareceu na rede é muito diferente da que está no disco?
Selway - Para a banda, sim. Talvez não para a maioria das pessoas. Se você é músico e ouvir as
duas versões, nota a diferença.
Folha - Qual a posição da banda a
respeito da troca gratuita de arquivos musicais pela rede?
Selway - [Pensando muito...]
Não somos contra. Não acho que
a internet vai matar a música, como a indústria costuma espalhar.
É um modo bem eficaz para bandas novas divulgarem seu trabalho. Quando eu era adolescente,
diziam que gravar disco em fita
cassete ia matar a música. E eu
gravei muito disco em fita cassete.
E a música não morreu por causa
da Basf. Acho que uma revolução
como essa dos MP3s sempre força
uma mudança das coisas. Mas
quando acontece algo como foi
com "Hail to the Thief", que nem
estava pronto, não acho bom.
Folha - Foi dito aqui no Brasil que
o Radiohead tocaria no país no ano
passado, estava acertado. Isso não
aconteceu devido ao cancelamento
do festival (Free Jazz) que traria a
banda em outubro. Você confirma?
Selway - É sério isso? Não fomos
avisados, acho, em nenhum momento. Não sei se pode ser verdade, porque nós da banda sempre
sabemos onde [os agentes] estão
nos levando. Dificilmente iríamos
naquela época, porque ir à América do Sul com uma turnê é complicado e estávamos envolvidos
com o novo disco.
Folha - Alguma chance de o Radiohead vir à América do Sul?
Selway - Sim, temos planos de
fazer uma turnê pela América do
Sul no próximo ano.
Folha - Qual sua música favorita
do novo álbum? E qual a que você
mais gosta das que a banda fez?
Selway - Deste novo álbum a minha preferida é "Sit Down. Stand
Up", porque acho que é a que
consegue melhor captar todas as
fases anteriores do Radiohead. A
canção que eu mais gosto dentre todas as que a banda já fez é "Paranoid Android".
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