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Roteiro tem palestras e lançamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Músico, videomaker, romancista, jornalista, crítico e, inevitavelmente, artista, Stewart Home
(ou Karen Eliot, Monty Cantsin,
Luther Blissett, você escolhe) é
um produto direto do punk inglês
do final da década de 1970.
À idéia de que qualquer um poderia montar uma banda, máxima do "do it yourself" que reinava
na época, Home adicionou a de
que "qualquer um pode se tornar
um artista". "Basicamente, acho
que se você convencer o poder
cultural de que o que você faz é arte então aquilo se torna arte", explica Home. "Havia duas formas
de eu entrar: uma era bater na
porta de uma galeria de arte comercial, participar de exposições
e deixar os críticos escreverem sobre o meu trabalho, enquanto eu
me concentrava em produzir objetos para vender. E a outra era escrever a minha própria história."
Familiarizado com os textos da
esquerda italiana e dos comunistas holandeses e alemães, decidiu
"testar" a sua teoria promovendo
um verdadeiro assalto à cultura
dominante, tomando parte em
um movimento que, em suas próprias palavras, era um "prefixo e
um sufixo sem conteúdo", o
neoísmo. É preciso endurecer,
mas sem perder a piada:
"Queremos chegar a uma situação em que todos percebam todos
os aspectos de sua humanidade,
que são físicos, emocionais, intelectuais, e o humor não pode ser
excluído. Uma revolução que não
é divertida não será boa para mim
nem para ninguém".
Assim, por meio de sua revista
"Smile", ajudou a divulgar os manifestos neoístas, os festivais de
apartamento, os festivais do plágio e, principalmente, a Greve da
Arte, idéia que "roubou" deliberadamente do alemão Gustav
Metzger e que sugeria aos artistas
de Londres que parassem de produzir por um período de três
anos, entre 1990 e 1993.
Ainda que o impacto tenha sido
limitado -o próprio Home diz
hoje que não acreditava que a paralisação fosse de fato ocorrer-,
restaram como parte de sua
"obra", os próprios textos que criticavam ou defendiam sua proposta publicados em revistas underground da época.
Os escritos estão sendo publicados agora no Brasil pela editora
Conrad, que, em 1999, já havia
publicado seu livro mais famoso,
"Assalto à Cultura", um apanhado crítico sobre as principais vanguardas do século 20 que ajudaram a formatar o neoísmo.
A obra, que, com pouco mais de
15 mil exemplares vendidos na Inglaterra, é considerada o "best-seller" de Home, vem sendo usada
como livro de cabeceira de diversos jovens artistas e ativistas antiglobalização. "Tem gente que me
diz que algumas dissertações de
mestrado, geralmente de alunos
de arte, são verdadeiros plágios
dos meus textos. Eles provavelmente têm coisas melhores a fazer
do que se preocupar em escrever
dissertações bobas", relativiza.
"Buceta", seu romance mais recente, também será publicado pela editora Pressa, com tradução de
Graziela Kunsch. O romance,
construído a partir do plágio e da
repetição de cenas de sexo, narra
as desventuras do protagonista
em busca das mil primeiras mulheres com quem teve relações.
Estas e uma dezena de outras reproduções de obras de Home podem ser vistas até a próxima quarta no 8º Cultura Inglesa Festival.
Duas palestras "1001 maneiras
de reencenar a morte da vanguarda", uma amanhã em São Paulo e
outra na quarta-feira no Rio, também fazem parte do roteiro de
Home pelo país.
"Basicamente o que vou falar é
sobre como usei esse conhecimento sobre vanguardas para me
configurar como um artista, sem
ter nunca passado por uma escola
de arte", conclui.
(DA)
1001 MANEIRAS DE REENCENAR A
MORTE DA VANGUARDA. Palestra de
Stewart Home. Em São Paulo: amanhã,
às 19h30. Onde: EXO experimental org.
(r. Bela Cintra, 532A, região central, tel.
0/xx/11/3237-4615). Quanto: entrada
franca. No Rio de Janeiro: qua., às 19h.
Onde: Instituto de Arte da UERJ
-Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(r. Ipê, 550, prédio da Reitoria, Campus
do Fundão, tel. 0/xx/21/2598-1653).
Quanto: entrada franca.
UM ESPAÇO PARA A
CONTRACULTURA INGLESA. Exibição
do vídeo "Pornô", de Graziela Kunsch, e
acervo de obras de Stewart Home.
Quando: hoje, das 10h às 16h, e de seg. a
qua., das 9h às 19h. Até 9/6. Onde:
Centro Brasileiro Britânico (r. Ferreira de
Araújo, 741, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/
3819-4120). Quanto: entrada franca.
MANIFESTOS NEOÍSTAS/GREVE DA
ARTE. Coletânea dos principais textos do
movimento neoísta e sobre a Greve da
Arte (1990-1993). Lançamento: Conrad
Editora. Preço: R$ 22 (216 págs.).
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