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Berlim vê ação brasileira antiracismo
Grupo teatral Frente 3 de Fevereiro realiza intervenção em passeata alemã contra neonazistas
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Em sua passagem por Berlim, no final de semana, o coletivo Frente 3 de Fevereiro, grupo teatral de São Paulo, trabalhou com uma questão incômoda para o país-sede da Copa do
Mundo -o racismo.
O grupo protagonizou uma
ação direta durante passeata
contra ataques neonazistas a
imigrantes em certos bairros
ou cidades, as chamadas "go no
areas". E, horas depois, incorporou imagens do ato no próprio espetáculo-manifesto
"Futebol", escalado para o festival de teatro Brasil em Cena.
Na manhã de sábado, cerca
de 50 pessoas partiram do prédio do Ministério das Relações
Exteriores da Alemanha em direção ao Portão de Brandenburgo, na região central da cidade. Sob garoa, protestavam
contra o espancamento de um
alemão de origem etíope numa
cidade vizinha a Berlim.
Aliado a coletivos locais, como Kanak Attack e Togo Action, a Frente 3 de Fevereiro levou uma bandeira de 20 m x 15
m, carregada por várias mãos.
No tecido preto, que cobria o
asfalto de uma calçada a outra,
lia-se em tintas brancas:
"Know go area", uma corruptela em inglês para a zona em que
os imigrantes procuram não ir
por causa da violência.
Ao intervir em ruas, praças e
diante das lentes de uma emissora de TV, a bandeira agigantou a passeata.
"Não faz sentido trazer o espetáculo sem discutir as relações raciais no mundo contemporâneo", diz o DJ Eugênio Lima, 38, uma das 20 vozes da
Frente, que tem médicos, advogados, grafiteiros, sociólogos,
artistas plásticos etc.
A bola não rola em "Futebol",
para surpresa, talvez, de alguns
espectadores alemães que vestiam a camisa brasileira na noite de estréia em um dos três endereços do complexo teatral
Hebbel am Ufer (HAU).
Apoiado em vídeo e música
ao vivo, traz a fala condutora da
atriz Roberta Estrela d'Alva,
texto baseado em conversa
com o cineasta Noel Carvalho
("Dogma Feijoada").
Origens
O coletivo paulista nasceu
como uma forma de mobilização após o assassinato do dentista negro Flávio Ferreira Sant'Ana, em fevereiro de 2004,
por policiais militares do Estado. As primeiras ações da Frente 3 de Fevereiro aconteceram
em estádios de futebol, na seqüência do episódio ocorrido
com o jogador Grafite, ofendido de maneira racista pelo argentino Desábato. Em três jogos televisionados, as torcidas
ajudaram a abrir uma bandeira
com precisão coreográfica.
O repórter VALMIR SANTOS viajou a convite do
teatro HAU e do Instituto Goethe SP
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