São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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Música

"Foi dificílimo convencer o Roberto"

Segundo Zuza Homem de Mello, um dos curadores do evento, o triângulo Tom-Caetano-Rei "jamais poderá ser repetido"

Roberto Carlos, que rompeu com a bossa nova ainda no começo da carreira, cantará músicas do maestro sozinho e em parceria com Caetano

DA REPORTAGEM LOCAL

Um raro encontro entre Roberto Carlos e Caetano Veloso nos palcos, para homenagear Tom Jobim, foi anunciado ontem como destaque da programação que comemora os 50 anos da bossa nova.
Os três shows da dupla em homenagem ao maestro -dois em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, e um no Rio, no Teatro Municipal, em agosto- vêm se juntar ao já anunciado retorno de João Gilberto aos palcos como as principais atrações do 50º aniversário do gênero.
Além destes shows, haverá uma exposição sobre o movimento na Oca, no parque Ibirapuera, em São Paulo. Será aberta em 7 de julho e ficará dois meses em cartaz.
Se Caetano é velho tributário da bossa nova e sempre cita João Gilberto e Tom Jobim, a presença de Roberto Carlos na homenagem é surpreendente: não apenas porque o Rei não é afeito a shows conjuntos e a repertórios que não sejam de sua autoria, mas também porque ele rompeu com a bossa nova de seu início de carreira após ter sido criticado à época.
"Foi dificílimo convencê-lo a fazer um show cantando só Tom. Esse "triângulo" jamais poderá ser repetido", diz o crítico musical Zuza Homem de Mello, um dos curadores do evento. "Acho que ele topou porque o homenageado é o Tom. Roberto deve cantar um mínimo de seis canções sozinho, mais umas com o Caetano", diz Monique Gardenberg, que assina a produção da série de eventos.
Segundo os organizadores, foi oferecida uma lista de dez canções de Jobim para Roberto escolher o que quer cantar (ele ainda não o fez). Entre as sugeridas, estão "Por Causa de Você", célebre parceria do maestro com Dolores Duran, e um dueto com Caetano em "Eu Sei que Vou te Amar". O "sonho" da produção, no entanto, é reproduzir a parceria de Roberto com Tom em "Lígia" (veja quadro ao lado), tendo ao piano o neto do maestro, Daniel Jobim.
Roberto e Caetano serão acompanhados por 30 músicos, regidos por Jaques Morelenbaum. Os cenários serão criados por Daniela Thomas, e a direção será de Felipe Hirsch.

Jovens cantam Donato
Além das reverências aos dois principais expoentes da bossa nova, João Gilberto e Tom Jobim, a série de eventos celebrará o compositor João Donato com três concertos em julho. Eles reunirão Fernanda Takai, Marcelo Camelo, Marcelo D2, Roberta Sá, Bebel Gilberto e outros em versões de clássicos de Donato, junto com a Orquestra Ouro Negro.
"A obra de Donato ficou, de certa forma, no porão da MPB. Ele criou temas, não canções, e, quando esses temas musicais receberam letras, sua obra veio à tona e estimulou a juventude a retroceder à bossa nova", diz Mello. Para o colunista da Folha Nelson Motta, autor do roteiro do tributo, "Donato é um dos fundadores da moderna música brasileira que nasce com a bossa nova".
Fora do eixo Rio-São Paulo, uma turnê de Miúcha e Os Cariocas passará por sete capitais, ainda não confirmadas.
A série de eventos (aberta com um show em Ipanema, no Rio, em março) está orçada em cerca de R$ 20 milhões e é patrocinada pelo Banco Itaú. Entre os curadores, além de Motta, Mello e Gardenberg, estão o antropólogo Hermano Vianna, o músico Zé Nogueira, o jornalista Hugo Sukman, o designer Marcello Dantas, o videomaker Carlos Nader e o produtor musical Pedro Albuquerque.


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