DA REPORTAGEM LOCAL

As grandes estrelas -João, Roberto, Caetano- estarão no palco em agosto, mas o que os produtores chamam de "evento-âncora" das celebrações do 50º aniversário da bossa nova entra em cartaz no dia 7 de julho: uma exposição que ocupará por dois meses a Oca, no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Ali, será possível interagir com a história e as canções da bossa nova, cercar-se do silêncio absoluto (tão caro a João Gilberto) e mesmo assistir a uma apresentação "ao vivo" dos mestres do gênero.
Para isso, será usada a mesma tecnologia que a banda virtual Gorillaz (em que os músicos são desenhos) tem em seus shows, chamada "eyeliner" -espécie de holografia, que vai criar um encontro entre os mestres da bossa no palco.
O primeiro andar da Oca será dedicado à "santíssima trindade": João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Morais. Cada um terá seu próprio espaço (com fotos, textos e música) e um documentário de 15 minutos em exibição em sessões.
Haverá também uma câmara anecóica (sem eco), onde cabem duas pessoas por vez, que é tão silenciosa que permite ouvir as batidas do coração, o sangue fluindo, os ossos em movimento. "Construímos a câmara para fundamentar a experiência que o João Gilberto tanto valoriza, do silêncio", disse o videomaker Carlos Nader, um dos diretores da exposição (ao lado de Marcello Dantas, artista responsável pelo Museu da Língua Portuguesa).
Segundo os organizadores, a idéia da mostra não é apenas apresentar a história do gênero (haverá linha do tempo, depoimentos e performances musicais históricas, muitas inéditas), mas imergir o visitante no ambiente de 50 anos atrás.
Com ambientes remetendo ao apartamento de Nara Leão (onde a turma do violão se encontrava) e até uma praia de Copacabana artificial, no subsolo da Oca, a dúvida é por que essa exposição não será no Rio nem tem previsão de passar pela cidade -o cenário onde a história da bossa nova aconteceu.
"A Oca é a bossa nova em forma de prédio. Niemeyer e João mergulharam nas tradições brasileiras e criaram arte moderna a partir delas", diz Nader.


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