São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2001

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TEATRO

Alcides Nogueira trata do romance dos poetas franceses em "Pólvora e Poesia", que estréia na sede paulista do CCBB

Peça sonda o "paiol" Rimbaud/Verlaine

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O "eu, eu, eu" de Verlaine versus o "eu e o outro" de Rimbaud. Esse embate explosivo, um hiato de cerca de dois anos na vida dos poetas franceses do século 19, compõe a nova peça de Alcides Nogueira, "Pólvora e Poesia", em cartaz a partir de hoje na sede paulistana do Centro Cultural Banco do Brasil.
Um embate amoroso, antes de tudo, com estilhaços sobre o discurso da modernidade, alvo de trilogia de Nogueira, que começou com "Ópera Joyce" (1989) e "Gertrude Stein, Alice Toklas & Pablo Picasso" (1996).
"Não sei o que seria da cultura ocidental se não houvesse o encontro entre Rimbaud e Verlaine", afirma Nogueira, 51. "Seríamos mais pobres, certamente."
Paul Verlaine (1844-1896) era escritor estabelecido, dono da "cadeira oficial de poeta", como zombava Arthur Rimbaud (1854-1891), jovem que virou sua vida de ponta-cabeça.
Verlaine casou-se em 1870, mas trocou a mulher Mathilde por outra paixão: o poeta de "O Barco Bêbado".
"Pólvora e Poesia" começa com o incidente no qual Verlaine fere Rimbaud com dois tiros, em 1873, o ponto final do romance. Em movimento circular, a história segue cronologicamente em oposição ao caos poético que se instala.
João Vitti ("Angels in America") interpreta Rimbaud, como o fez na conclusão do curso de ator na Unicamp, em 1989. Leopoldo Pacheco ("Mambembe") é Verlaine. O pianista Fernando Esteves surge como vértice por meio das composições de Chopin.
"Em cena, Verlaine e Rimbaud são como notas sem clave [sinal colocado no princípio da pauta, que determina o nome e o grau de elevação das notas na escala dos sons". Eles são sustentados por Chopin", diz o diretor Márcio Aurélio, 52, presente em toda a trilogia de Nogueira.
A cenografia de Gabriel Villela é das menos barrocas, com palco inclinado que parece despejar o paiol poético sobre o espectador, como sugere Aurélio.

PÓLVORA E POESIA - De: Alcides Nogueira. Direção: Márcio Aurélio. Com: João Vitti, Leopoldo Pacheco e Fernando Esteves. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil - teatro (r. Álvares de Azevedo, 112, centro, tel. 0/xx/11/3113-3600). Quando: estréia hoje, às 18h; qui. a dom., às 18h. Até 2/9. R$ 15. Na internet: www.cultura-e.com.br/sp.



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