|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Alcides Nogueira trata do romance dos poetas franceses em "Pólvora e Poesia", que estréia na sede paulista do CCBB
Peça sonda o "paiol" Rimbaud/Verlaine
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O "eu, eu, eu" de Verlaine versus o "eu e o outro" de Rimbaud.
Esse embate explosivo, um hiato
de cerca de dois anos na vida dos
poetas franceses do século 19,
compõe a nova peça de Alcides
Nogueira, "Pólvora e Poesia", em
cartaz a partir de hoje na sede
paulistana do Centro Cultural
Banco do Brasil.
Um embate amoroso, antes de
tudo, com estilhaços sobre o discurso da modernidade, alvo de
trilogia de Nogueira, que começou com "Ópera Joyce" (1989) e
"Gertrude Stein, Alice Toklas &
Pablo Picasso" (1996).
"Não sei o que seria da cultura
ocidental se não houvesse o encontro entre Rimbaud e Verlaine", afirma Nogueira, 51. "Seríamos mais pobres, certamente."
Paul Verlaine (1844-1896) era
escritor estabelecido, dono da
"cadeira oficial de poeta", como
zombava Arthur Rimbaud (1854-1891), jovem que virou sua vida de
ponta-cabeça.
Verlaine casou-se em 1870, mas
trocou a mulher Mathilde por outra paixão: o poeta de "O Barco
Bêbado".
"Pólvora e Poesia" começa com
o incidente no qual Verlaine fere
Rimbaud com dois tiros, em 1873,
o ponto final do romance. Em
movimento circular, a história segue cronologicamente em oposição ao caos poético que se instala.
João Vitti ("Angels in America") interpreta Rimbaud, como o
fez na conclusão do curso de ator
na Unicamp, em 1989. Leopoldo
Pacheco ("Mambembe") é Verlaine. O pianista Fernando Esteves surge como vértice por meio
das composições de Chopin.
"Em cena, Verlaine e Rimbaud
são como notas sem clave [sinal
colocado no princípio da pauta,
que determina o nome e o grau de
elevação das notas na escala dos
sons". Eles são sustentados por
Chopin", diz o diretor Márcio Aurélio, 52, presente em toda a trilogia de Nogueira.
A cenografia de Gabriel Villela é
das menos barrocas, com palco
inclinado que parece despejar o
paiol poético sobre o espectador,
como sugere Aurélio.
PÓLVORA E POESIA - De: Alcides
Nogueira. Direção: Márcio Aurélio. Com:
João Vitti, Leopoldo Pacheco e Fernando
Esteves. Onde: Centro Cultural Banco do
Brasil - teatro (r. Álvares de Azevedo, 112,
centro, tel. 0/xx/11/3113-3600).
Quando: estréia hoje, às 18h; qui. a dom.,
às 18h. Até 2/9. R$ 15. Na internet:
www.cultura-e.com.br/sp.
Texto Anterior: Carlos Heitor Cony: Uma onda de loucura varre Pau Vermelho Próximo Texto: Evento: "A Dona da Casa" enfoca discriminação Índice
|