São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILMES

Gênio Desafiando a Gravidade e o Amor
SBT, 14h30.
 
(Genius). EUA, 1999. Direção: Rod Daniel. Com Trevor Morgan, Emmy Rossum. Garoto genial também é, claro, introvertido. Ele descobrirá uma segunda personalidade, descolada e popular, a fim de conquistar garota pela qual se apaixonou.

Os Aventureiros do Bairro Proibido
Globo, 15h45.
   
(Big Trouble in Little China). EUA, 1986, 84 min. Direção: John Carpenter. Com Kurt Russel, Kim Cattrall. Motorista de caminhão se mete em confusão esotérico-marcial no bairro chinês. Pode não ser o melhor dos filmes do diretor John Carpenter, mas com certeza vale ver -ou rever.

A Experiência
SBT, 22h30.
  
(Species). EUA, 1995, 111 min. Direção: Roger Donaldson. Com Ben Kingsley, Michael Madsen, Natasha Henstridge. Equipe de cientistas tenta localizar bela mulher, criada por experiência em que se misturaram DNA humano e partículas recolhidas no espaço. Após escapar do laboratório, a mulher está mostrando seu potencial destrutivo, nada desprezível.

Intercine
Globo, 1h30.

Para terça-feira, a escolha possível se dá entre os candidatos "Inimigo Íntimo" (1997, de Alan J. Pakula, com Harrison Ford, Brad Pitt, Margaret Colin) e "Loucos do Alabama" (1999, de Antonio Banderas, com Melanie Griffith, David Morse).

36 Horas para Matar
SBT, 2h15.
 
(36 Hours to Die). EUA, 1999. Direção: Yves Simoneau. Com Treat Williams, Kim Cattrall, Saul Rubinek. Depois de sofrer um infarto, dono de cervejaria constata que seu sócio é um gângster de última categoria. Como nem a polícia dá conta de seu problema, ele terá 36 horas para agir por própria conta e risco. Feito para a TV.

O Matador
Globo, 4h.
    
(The Killer). Hong Kong, 1989, 110 min. Direção: John Woo. Com Chow Yun-Fat, Sally Yeh, Danny Lee. Um dos melhores John Woo da fase Hong Kong gira em torno da obsessiva perseguição de um policial a um matador. De passagem, o policial ainda enfrenta a culpa de, por um erro, ter tornado cega uma cantora. Notável.

Uma Corrida de Loucos
SBT, 3h30.
  
(The Gunball Rally). EUA, 1976, 106 min. Direção: Chuck Bail. Com Michael Sarrazin, Norman Burton. Disputa de um rali entre Nova York e Long Beach, na Califórnia, mobiliza todos os malucos por carros disponíveis. Filme de rali. Legal. Só para São Paulo.

Favela dos desencantos

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Logo no início de "Orfeu" (Canal Brasil, 17h), de Carlos Diegues, a imagem de helicóptero é fascinante: é uma massa com cor de cobre, que aos poucos, com o movimento do aparelho, adquire relevo e finalmente se mostra a nossos olhos como uma imensa favela.
Talvez não seja possível gostar de "Orfeu" sem gostar do Rio de Janeiro, porque lá está a imagem, não sem desespero, de uma cidade que vai se enchendo de nódoas, de enormes cicatrizes. É como se as promessas de regeneração dos anos 60 (quando Diegues faz, entre outros, "A Grande Cidade", seu melhor filme) tivessem não apenas empacado, como se degenerado. E como se a tragédia de Orfeu tivesse perdido o frescor exótico do filme de Marcel Camus (1959) para se tornar um pesadelo mais de 40 anos depois.

GASTRONOMIA

Programa é temperado pelo "achismo"

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

A introdução de "A Arte da Gastronomia pelo Brasil" (estréia hoje, no Canal Brasil) dá água na boca. Diante de lindas imagens do Rio, a apresentadora (Zezé Motta, sempre simpática) enuncia o escopo da série: investigar a comida brasileira, cada semana em uma capital do país, para, através da gastronomia, conhecer nossas tradições, história, cultura e até nossa economia.
Mas, no lugar de uma investigação que esclareça as raízes e os hábitos da nossa cozinha, o que o primeiro programa faz é um superficial sobrevôo sobre a cozinha carioca, onde no lugar da informação histórica impera o "achismo", temperado por erros banais.
Nem a empatia da apresentadora consegue esconder a frustração do próprio programa ao concluir que nada sabe sobre aquilo que pretende ensinar. O que é a gastronomia carioca? Cada um acha uma coisa. A apresentadora não sabe nada; a produção não fez uma pesquisa que a munisse de dados para costurar o programa.
Os entrevistados tampouco pareceram ter sido preparados. Teresa Corção mostra um prato de tapioca (que confessa não ser carioca). Flávia Quaresma, uma salada de caqui criada por influência de chefs franceses -outro óvni, portanto. Uma cozinheira da Rocinha acha que tem laranja na feijoada (que aliás não é carioca) porque é ácida. Claude Troisgros faz um peixe frito com banana que, disseram-lhe em Angra dos Reis, seria um carioquíssimo azul-marinho (errado: azul-marinho, um prato caiçara também de São Paulo, não é peixe frito, é peixe cozido com banana verde em panela de ferro, que lhe dá uma coloração azul -que o prato de Claude não tem).
Desarvorada nesse matagal de desinformação, só resta a Zezé concluir: carioca é tudo isso, é sol, mar, petisco, suquinho, calor e comer de shortinho. O Rio (e sua culinária) merecem muito mais.


A ARTE DA GASTRONOMIA PELO BRASIL. Quando: estréia hoje, às 20h05, no Canal Brasil; quartas, às 11h30, e sábados, às 18h30.


Texto Anterior: Astrologia
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.