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Sennett quer expor problemas e soluções de SP
Sociólogo virá à cidade em 2007 como parte do programa Urban Age, que estuda e formula propostas para metrópoles
Nova rodada de discussões do projeto, organizado pela London School of Economics, vai de hoje a sábado, em Johannesburgo
SYLVIA COLOMBO
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Richard Sennett está de olho
em São Paulo. O sociólogo britânico prepara para 2007 uma
viagem para colher informações sobre a capital paulista e
integrá-la às discussões do Urban Age (leia ao lado), projeto
organizado pela London
School of Economics para o estudo de programas para as cidades contemporâneas. A
quinta rodada de discussões do
Urban Age, que contará com a
presença de Sennett, começa
hoje em Johannesburgo.
Leia abaixo trechos da entrevista que o sociólogo, autor do
clássico "O Declínio do Homem Público", concedeu à Folha, por telefone, de Londres.
FOLHA - O que a comparação entre
cidades como Xangai e São Paulo
pode oferecer como soluções?
RICHARD SENNETT - A China está
sendo muito comparada ao
Brasil nessa sua fase de crescimento. Só que é uma comparação que sempre favorece a China, porque os argumentos se
baseiam apenas em análises
econômicas. Nesse sentido, a
China é vista como um país
mais compromissado com o
crescimento. Mas eu, particularmente, acredito que a realidade seja outra. É preciso olhar
a situação de forma mais ampla, para além dos argumentos
econômicos. E tenho certeza de
que São Paulo, por exemplo, terá mais soluções para indicar
para Xangai do que vice-versa.
FOLHA - Que desafios representam
cidades que estão crescendo e se desenvolvendo rápido demais?
SENNETT - Geralmente, elas têm
um crescimento não sustentável e pouco ecológico. O desafio
é pensar em não continuar se
desenvolvendo com os mesmos
equívocos do passado.
FOLHA - A China está repetindo esses erros cometidos por grandes cidades da América Latina?
SENNETT - Sim, na verdade, isso
já aconteceu. A China cresceu
tão rápido e de uma forma tão
desesperada para alcançar o
mundo ocidental que tomou o
modelo americano e construiu
tudo de uma vez só. Só que essas cidades ficaram muito parecidas com as dos EUA de 50
anos atrás. E, agora, os chineses
estão percebendo que o modelo
americano, neste momento do
capitalismo, é um erro.
FOLHA - Eles podem agora buscar o
modelo europeu?
SENNETT - Sim, o modelo europeu é o mais sustentável e eles
já entenderam isso. Sabem que
fizeram um gasto não necessariamente correto. Com isso,
prédios enormes para escritórios estão vazios, porque não há
negócios para sustentá-los.
FOLHA - Você vive entre Londres e
Nova York, como as compara hoje?
SENNETT - Londres está se acertando com seu passado. Muitos
imigrantes que vêm para cá são
de ex-colônias e têm uma relação cultural específica com o
país. Já grande parte dos imigrantes de Nova York não tinham ligações culturais com os
EUA antes e, por isso, são mais
isolados. A sua relação com o
país é mais de ordem material.
Em Londres, há uma longa história de séculos de conflitos
culturais que os imigrantes trazem na memória quando vêm e
fazem dessa questão algo mais
complexo, um problema bastante peculiar a essa cidade.
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