São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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Cafajeste e "sirene" dão destaque a jovens atores

Escrachos de Cauã Reymond e Ísis Valverde são trunfos de "A Favorita" e "Beleza Pura'

Com tom sério, ator diz se inspirar em astro de filme de Godard; espevitada, atriz conta ter pedido conselhos à mãe e a "monstros do humor"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Cauã Reymond, 28, é também conhecido como ex-Alinne Moraes, e atual Grazi Massafera, queridinho de revistas de fofoca.
À Folha, o ator fala em tom pausado, sério sobre seu personagem de "A Favorita" (Globo), que ainda patina no Ibope. Como o cafajeste Halley, tem protagonizado cenas que flertam com o pastelão, até agora as melhores da novela das oito -sem contar as de humor involuntário vividas por Murilo Benício e Deborah Secco...
Até a semana passada, Halley se passava por um milionário gay a fim de se aproveitar do dinheiro de Orlandinho (Iran Malfitano). Alícia, a artista plástica patricinha vivida por Taís Araújo, se envolve na confusão. Além da química entre o trio, o que ajuda são os diálogos de João Emanuel Carneiro. Cauã, aliás, teve outro papel cômico, o do lutador Thor Sardinha, em "Da Cor do Pecado" (2004), estréia do autor.
O ator responde prontamente sobre suas inspirações. A erudita: "Jean-Paul Belmondo, em "O Acossado" do [cineasta Jean-Luc] Godard, e "O Magnífico", que fez com a Jacqueline Bisset, o malandro leve". A pop: "A cultura hip hop tem a ver com a vaidade do Halley, de falar "eu, eu, eu". Me inspiro no [rapper norte-americano] Tupac [Shakur]". Bebe em outra fonte, essa sigilosa. "São figuras que estão na mídia, mas não falo porque corro o risco de ser processado, como Eduardo Moscovis e Letícia Spiller quando disseram ter se inspirado no casal Garotinho [para o político e a mulher corruptos de "Senhora do Destino']."
Carioca, filho de astróloga e psicólogo, Cauã estreou na TV em 1995, em "Malhação". Seu papel anterior a Halley foi como o também cafajeste Mateus, em "Belíssima" (2005/ 06). Foi quando deu a sorte de protagonizar a cena que encerrou a novela e se tornou um clássico da teledramaturgia: só de cueca vermelha, com taça de champanhe na mão, beijava a vilã Bia Falcão, interpretada por Fernanda Montenegro. "Fiquei muito orgulhoso de o Silvio [de Abreu, autor] ter me dado esse presente", comenta.

Unha azul
Bem mais novata que o ator, Ísis Valverde, 21, também revelou dom para a comédia como Rakelli, a destrambelhada manicure que sonha ser famosa, a melhor personagem de "Beleza Pura", cuja audiência deixa a desejar. A novela das sete é seu terceiro trabalho. Estreou na nova versão de "Sinhá Moça" (2006), como Ana do Véu, e fez uma participação como uma garota de programa trapaceira em "Paraíso Tropical" (2007).
Rakelli vive de minissaia colorida, sapato de salto plataforma com meia curta, bijuteria e unhas pintadas de azul. O clímax da personagem, sucesso principalmente com crianças, é seu choro estridente, chamado no texto de "sirene". Ela fecha os olhos, faz biquinho e berra.
Nesse caso, além da graça da atriz, ajuda também o texto de Andréa Maltarolli, em sua primeira novela.
Na entrevista à Folha, com voz rouca graças ao grito "sirene", Ísis não usa o tom grave de Cauã e demonstra guardar alguma semelhança com Rakelli. Simpática, fala, fala, fala, ri de tudo. Conta ter nascido em Aiuruoca, cidade de pouco mais de 6.000 habitantes localizada no sul de Minas Gerais. "É o sétimo chacra do mundo. Você tem noção da energia desse lugar?", diz.
Aos 18, foi tentar a sorte no Rio, onde acabou descoberta pela Globo no teatro Tablado. "Era uma vontade de fazer tudo, sem saber o quê. Minha mãe dizia que eu devia ser atriz. Porque o ator é tudo e depois é ele. Tudo aconteceu muito rápido na minha vida."
Para viver Rakelli, pediu conselhos a "monstros do humor", como Osmar Prado e Zezé Polessa, e se inspirou "naquele cara... como é mesmo o nome dele... ah, Johnny Depp". Também se mirou na mãe, Rosalba Nable, atriz de teatro, cujo trabalho Ísis define assim: "Sabe aquelas peças cabeças, aquele pessoal que gosta de crítica e não gosta de fazer TV?".


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