São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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"Tenho orgulho de meu passado de guerrilheiro", diz angolano Pepetela

Ao lado da nigeriana Chimamanda Adichie, escritor falou sobre luta armada

MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY

"Tenho orgulho de meu passado de guerrilheiro, de ter participado da guerra pela libertação de Angola", disse o escritor Pepetela (pseudônimo de Artur Pestana) ontem na Flip. Ele participou da mesa "Guerra e Paz" com a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que está lançando "Meio Sol Amarelo" (Companhia das Letras), romance épico já traduzido em 27 línguas que tem como pano de fundo a Guerra da Biafra.
O autor angolano, que já venceu o prestigioso Prêmio Camões, leu trecho de "Predadores" (Língua Geral), em que personagens do livro mostram influência das telenovelas brasileiras e de Jorge Amado.
Enquanto Pepetela lembrou seu passado na luta armada ("difícil imaginar Pepetela segurando uma arma", disse o mediador, o escritor angolano José Eduardo Agualusa), a autora nigeriana, que nasceu depois de a guerra ter terminado em seu país, disse que não vivenciou o conflito, mas cresceu marcada por ele ("vivia perguntado para os parentes e tomava nota de tudo").
Pepetela comentou sua experiência e disse que os bons comandantes da guerra tinham o corpo "blindado" (fechado). "Mesmo militares marxistas e ateus precisavam passar pelo ritual para conquistar o respeito da tropa", afirmou.
Chimamanda defendeu a boa escrita. Disse que os escritores devem ter liberdade para escolher seus temas ("tenho amigos que não se interessam por política, e isso é ótimo") e afirmou que queria contar os pequenos dramas humanos, já que "as pessoas continuam se casando e tendo filhos mesmo durante a guerra". Segundo ela, "o general por dentro continua sendo um menino".


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