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Verbo começa hoje em tom histérico
Festival de performances da galeria Vermelho vai até sexta com obras sonoras, dança, cinema e teatro
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa com gritos a quinta
edição da Verbo, festival de
performances da galeria Vermelho. Marco Paulo Rolla e
dois outros artistas juntam as
vozes hoje à noite num coro potente, capaz de quebrar copos e
outros objetos domésticos.
Depois da largada ruidosa,
Maurício Ianês, figura recorrente em quase todas as edições
do evento, volta às próprias entranhas e amplifica os sons do
corpo em performance amanhã. São cinco caixas de som
que emitem de dentro do artista uma espécie de sinfonia orgânica, que ele distorce ao vivo.
"Na ausência da linguagem,
vou usar o que a gente tem de
mais íntimo, mais interno e
mais visceral, só que sem o caráter orgânico", diz Ianês, 35,
acrescentando que as alterações que faz nos ruídos do corpo cria um som desconhecido.
"É uma parede de barulho."
Falando em parede, a dupla
Carolina Mendonça e Bruno
Freire vai construir um muro e
dividir ao meio o pátio da galeria, dentro da vertente arquitetônica e de reflexões sobre urbanismo, outro enfoque que
volta sempre ao festival.
"A gente não está contra a arquitetura", diz Mendonça, 24.
"Estamos brincando com a divisão do espaço, criando uma
espécie de fronteira móvel."
Móvel porque o muro dos artistas sobe e se desfaz em 20
minutos. Não é nova a discussão sobre a ditadura da arquitetura, a castração do movimento, a rigidez do espaço funcional, o fracasso do modernismo.
Mas pode ser mais fresca essa
abordagem sem argamassa.
Diluindo fronteiras entre os
suportes, o português Gabriel
Arantes aposta num "mash-up"
de cinema e teatro. Com filmes
em 16 mm gravados em Brasília
e no Paraná mesclados a encenações teatrais com "muita lama e estética trash", ele narra a
aventura de dois gringos que
fogem da cidade em busca de
belas garotas indígenas.
"É uma maneira de expor e
desestabilizar clichês de forma
surreal", resume Arantes, 24.
E falando em clichês, não devem faltar gente pelada e simulações de violência. O que era
base de sustento de performances clássicas dos anos 60, quando o gênero ganhou expressão
máxima, agora ressurge mastigado, diluído e pronto para o
consumo rápido em galeria.
O tiro no braço de Chris Burden vira um tiro fajuto no peito
do holandês Anno Dijkstra,
que, por sinal, estará nu. Dançarinos da companhia francesa
Les Gens d'Uterpan vão babar
seminus uns sobre os outros e
outras coreografias mais. Só
resta ver se alguém vai arriscar
uma nova roupagem.
VERBO
Quando: de hoje a sexta-feira, 6/7,
das 20h às 22h
Onde: Vermelho (r. Minas Gerais,
350, tel. 0/xx/11/3138-1520)
Quanto: entrada franca
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