São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009

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Verbo começa hoje em tom histérico

Festival de performances da galeria Vermelho vai até sexta com obras sonoras, dança, cinema e teatro

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Começa com gritos a quinta edição da Verbo, festival de performances da galeria Vermelho. Marco Paulo Rolla e dois outros artistas juntam as vozes hoje à noite num coro potente, capaz de quebrar copos e outros objetos domésticos.
Depois da largada ruidosa, Maurício Ianês, figura recorrente em quase todas as edições do evento, volta às próprias entranhas e amplifica os sons do corpo em performance amanhã. São cinco caixas de som que emitem de dentro do artista uma espécie de sinfonia orgânica, que ele distorce ao vivo.
"Na ausência da linguagem, vou usar o que a gente tem de mais íntimo, mais interno e mais visceral, só que sem o caráter orgânico", diz Ianês, 35, acrescentando que as alterações que faz nos ruídos do corpo cria um som desconhecido. "É uma parede de barulho."
Falando em parede, a dupla Carolina Mendonça e Bruno Freire vai construir um muro e dividir ao meio o pátio da galeria, dentro da vertente arquitetônica e de reflexões sobre urbanismo, outro enfoque que volta sempre ao festival.
"A gente não está contra a arquitetura", diz Mendonça, 24. "Estamos brincando com a divisão do espaço, criando uma espécie de fronteira móvel."
Móvel porque o muro dos artistas sobe e se desfaz em 20 minutos. Não é nova a discussão sobre a ditadura da arquitetura, a castração do movimento, a rigidez do espaço funcional, o fracasso do modernismo. Mas pode ser mais fresca essa abordagem sem argamassa.
Diluindo fronteiras entre os suportes, o português Gabriel Arantes aposta num "mash-up" de cinema e teatro. Com filmes em 16 mm gravados em Brasília e no Paraná mesclados a encenações teatrais com "muita lama e estética trash", ele narra a aventura de dois gringos que fogem da cidade em busca de belas garotas indígenas.
"É uma maneira de expor e desestabilizar clichês de forma surreal", resume Arantes, 24.
E falando em clichês, não devem faltar gente pelada e simulações de violência. O que era base de sustento de performances clássicas dos anos 60, quando o gênero ganhou expressão máxima, agora ressurge mastigado, diluído e pronto para o consumo rápido em galeria.
O tiro no braço de Chris Burden vira um tiro fajuto no peito do holandês Anno Dijkstra, que, por sinal, estará nu. Dançarinos da companhia francesa Les Gens d'Uterpan vão babar seminus uns sobre os outros e outras coreografias mais. Só resta ver se alguém vai arriscar uma nova roupagem.


VERBO

Quando: de hoje a sexta-feira, 6/7, das 20h às 22h
Onde: Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel. 0/xx/11/3138-1520)
Quanto: entrada franca


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