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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS
Bienal de Berlim busca o real sem ser óbvia
Mostra é inspirada na obra do realista Adolph Menzel e reúne trabalhos marcados pelo caráter documental
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
O que é real, hoje?
Essa é a questão central da
sexta edição da Bienal de
Berlim, que apresenta trabalhos que relacionam arte
contemporânea a algo que se
pode chamar de real.
"O que nos Espera Lá Fora" reúne obras de 43 artistas, em sua maioria trabalhos
com caráter documental,
com curadoria de Kathrin
Rhomberg.
Até 8 de agosto, seis espaços distintos reúnem a Bienal, que tem como inspiração a obra de Adolph Menzel
(1815-1905), um realista que
se contrapôs ao grande ícone
da arte alemã, Caspar David
Friedrich (1774-1840).
Cerca de 60 trabalhos de
Menzel estão expostos na
suntuosa Alte Nationalgalerie (antiga galeria nacional),
gravuras e aquarelas com detalhes do cotidiano.
Mais do que mera representação, seus desenhos estão carregados de uma percepção do real que escapa do
tradicional e do óbvio.
Essa tônica é enfatizada
especialmente num edifício
em restauração em Kreuzberg, bairro boêmio de estudantes e imigrantes turcos.
Lá estão obras de 30 artistas,
a maior parte da Bienal.
Por terem quase todos a
mesma temática, a mostra
ganha um discurso exageradamente retórico.
Lá, por exemplo, Minerva
Cuevas apresenta um vídeo
sobre manifestações de rua
no México, Mohamed Bourquissa registra os imigrantes
na periferia de Paris e Bernard Bazile é visto num filme
sobre protestos de rua, também na França.
Ou seja, há um forte enfoque político na mostra, mas a
repetição enfraquece o tema.
No entanto, isso não ocorre no Kunst-Werke, onde a
Bienal de Berlim nasceu. De
maneira audaciosa, a curadora deixa que o jovem Petrit
Halilaj, 24, subverta totalmente a arquitetura do local,
a partir da obra "Elas Têm
Sorte em Serem Galinhas
Burguesas", transformando
o KW num galinheiro.
6ª BIENAL DE BERLIM
AVALIAÇÃO bom
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado
no caderno Copa 2010
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