São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS

Bienal de Berlim busca o real sem ser óbvia

Mostra é inspirada na obra do realista Adolph Menzel e reúne trabalhos marcados pelo caráter documental

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

O que é real, hoje? Essa é a questão central da sexta edição da Bienal de Berlim, que apresenta trabalhos que relacionam arte contemporânea a algo que se pode chamar de real.
"O que nos Espera Lá Fora" reúne obras de 43 artistas, em sua maioria trabalhos com caráter documental, com curadoria de Kathrin Rhomberg.
Até 8 de agosto, seis espaços distintos reúnem a Bienal, que tem como inspiração a obra de Adolph Menzel (1815-1905), um realista que se contrapôs ao grande ícone da arte alemã, Caspar David Friedrich (1774-1840).
Cerca de 60 trabalhos de Menzel estão expostos na suntuosa Alte Nationalgalerie (antiga galeria nacional), gravuras e aquarelas com detalhes do cotidiano. Mais do que mera representação, seus desenhos estão carregados de uma percepção do real que escapa do tradicional e do óbvio.
Essa tônica é enfatizada especialmente num edifício em restauração em Kreuzberg, bairro boêmio de estudantes e imigrantes turcos. Lá estão obras de 30 artistas, a maior parte da Bienal.
Por terem quase todos a mesma temática, a mostra ganha um discurso exageradamente retórico.
Lá, por exemplo, Minerva Cuevas apresenta um vídeo sobre manifestações de rua no México, Mohamed Bourquissa registra os imigrantes na periferia de Paris e Bernard Bazile é visto num filme sobre protestos de rua, também na França.
Ou seja, há um forte enfoque político na mostra, mas a repetição enfraquece o tema.
No entanto, isso não ocorre no Kunst-Werke, onde a Bienal de Berlim nasceu. De maneira audaciosa, a curadora deixa que o jovem Petrit Halilaj, 24, subverta totalmente a arquitetura do local, a partir da obra "Elas Têm Sorte em Serem Galinhas Burguesas", transformando o KW num galinheiro.


6ª BIENAL DE BERLIM

AVALIAÇÃO bom
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Copa 2010


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