Conheço Ana Maria Braga desde os idos de 1987. Ela e eu trabalhávamos em um tal edifício Panambi, um dos primeiros arranha-céus a surgir na região da empetecada avenida Luís Carlos Berrini.
Eu era uma reles repórter da revista "Elle", e Ana Maria praticamente mandava no prédio inteiro.
Muita gente desconhece essa faceta da apresentadora, mas, como eu cansei de vê-la em ação, faço questão de colocar os pingos nos "is" em benefício dos bocós que ainda não aprenderam a dar valor ao seu imenso talento.
Durante anos Ana Maria Braga comandou com pulso firme a venda de anúncios de todas as revistas femininas da editora Abril.
Sempre vestindo tailleurs comportados em cores ousadas, ela andava pelos corredores do Panambi com uma trilha de formiguinhas de pasta na mão a tiracolo. A gargalhada que hoje é marca registrada já era famosa na época, assim como as ordens curtas e grossas, sempre dadas com um sorriso.
A grande maioria dos jornalistas da casa não passava nem perto de Ana Maria Braga. Para quem não sabe, isso é bem comum. As pessoas que trabalham em Redação, seja de jornal ou de revista, não costumam se bicar com a turma da área comercial. São dois mundos opostos.
Pois bem, você deve ter lido, ó, leitor antenado, a declaração que Ana Maria deu quando anunciou publicamente que tinha um tumor: "Meu câncer é raro, diferente, digno de uma pessoa metida a besta como eu".
Rara e diferente, de fato. Na reunião que antecedeu o lançamento do primeiro número de "Elle" no Brasil, eu pretendia entrar muda e sair calada. Já diz o ditado que, assim como as crianças devem ser vistas e não ouvidas, os repórteres também devem ser lidos e costurar o bico.
Mas que nada! Lembro que Ana Maria iniciou o encontro dizendo alguma coisa que me fez rir muito. Não me contive e dei um aparte. Bem, para encurtar a história, o que deveria ter sido uma reunião solene e enfadonha, como todas as reuniões sempre são, acabou virando uma delícia de conversa, de que todos os participantes se lembram até hoje.
Rápida no gatilho, a musa das manhãs da Globo sabe como motivar um grupo de trabalho e, ao mesmo tempo, deixar todo mundo se sentindo como se estivesse passando um fim de semana em Águas de Lindóia.
Mesmo sem nunca ter assistido a um "Mais Você" de cabo a rabo, confesso que sou fã de Ana Maria Braga desde criancinha.

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