DA REPORTAGEM LOCAL

Entre os dez filmes que o Festival do Cinema Judaico apresenta hoje (no segundo dia de sua sexta edição em São Paulo), está uma estréia "comme il fault" .
"Hora de Crescer", o primeiro longa de ficção do francês Renaud Cohen, 35, partiu da idéia de "descrever um universo pessoal com um tom particular".
O humor inteligente que deu ao filme sua "falsa leveza" e o retrato de um ambiente multicultural em Paris são, nas palavras de Cohen, um "resultado de chegada".
"De início, não sabia exatamente de que eu queria falar, mas tinha consciência de que gostaria de desenvolver esse olhar ao mesmo tempo cômico e grave; fazer uma comédia, mas não simplesmente para rir, e sim para abordar alguns temas."
Autor também do roteiro de "Hora de Crescer", Cohen diz que conviveu, durante muito tempo, com a idéia de enfocar a busca de identidade de um jovem judeu que tenta administrar a relação com a mulher, a família, os amigos e o emprego. Antes de transformar seu argumento no filme concluído no ano passado, o cineasta realizou documentários na China, país onde viveu durante um ano e pelo qual se sente "imensamente atraído".

Prêmios
Cohen diz que tentou filmar "de maneira realista, com um olhar irônico, mas com um jeito caloroso e indulgente de tratar os personagens".
Para interpretar o protagonista Simon, o cineasta escalou Mathieu Demy, ator de papéis (ainda pouco) conhecidos na França, mas com sobrenome popularíssimo -é filho dos cultuados cineastas Jacques Demy e Agnès Varda. Mathieu Demy foi premiado como melhor ator no Festival de Paris, e o filme recebeu o troféu da escolha do público em Angers.
Agora, Cohen escreve o roteiro de seu segundo longa, que deverá estar concluído em outubro, com filmagens previstas na França e em Israel. "Quando fiz "Hora de Crescer", não estava de fato tratando da temática judaica, ao menos não conscientemente. Agora vou contar a história de um judeu religioso que descobre não ser judeu. Será um filme muito mais provocador", diz.
O francês "Hora de Crescer" compete no Festival de Cinema Judaico com outros 11 títulos realizados nos Estados Unidos, Polônia, República Tcheca e Israel. O festival prossegue até o dia 12, sempre com sessões gratuitas. (SA)