São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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MIS repaginado

Após reforma, Museu da Imagem e do Som reabre com mais espaço para exposições e foco na tecnologia

Alex Almeida/Folha Imagem
Nova marquise construída no MIS conduz os visitantes da avenida Europa à entrada do museu

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Cibelle canta Björk e Paulo César Peréio declama Ezra Pound bombardeados por imagens sampleadas em tempo real por um grupo de VJs. Neste sábado, eles sobem ao palco do auditório reformado do Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, que reabre para o público após oito meses de reforma. Estão marcadas mais duas performances -uma delas terá biscoitos em formato de prédios assados no museu- e duas exposições de estréia.
A idéia é mostrar que depois da saída da antiga direção -alvo de investigação do Ministério Público por emitir notas frias e pelo mau uso do prédio do Estado- e de um arrastado período de decadência, com queda no número de visitantes e menor peso entre museus da cidade, o MIS mudou o perfil.
Saiu a fotógrafa Graça Seligman e entrou a nova diretora Daniela Bousso, à frente da organização social também responsável pelo Paço das Artes, na Cidade Universitária. Quando saiu, em junho de 2007, Seligman disse que as acusações do MP eram "inverdades".
Bousso diz que foi chamada pela Secretaria de Estado da Cultura, responsável pelo MIS, para "reposicionar" a instituição. O que era um órgão para a coleta de depoimentos sobre a vida brasileira, com o advento do videotape nos anos 80, agora tem como objetivo ser um espaço cultural dedicado à produção e à exposição de obras que misturam arte e tecnologia.
"A gente não está reinventando a roda", diz Bousso. "O museu tem uma identidade, uma história, um acervo, mas foi ficando para trás." Levando isso em conta, a nova direção assumiu com o Estado o compromisso de inventariar todo o acervo, com mais de 350 mil itens, para erguer sobre ele, desconhecido em grande parte, os novos planos do museu.
O mais ambicioso deles é sem dúvida o LabMIS, que Bousso espera se tornar um "celeiro ou incubadora de conhecimento". Com um investimento de R$ 550 mil, há salas de captação de som e vídeo, ilhas de edição e um programa de técnicos e programadores que vão auxiliar artistas convidados a realizar suas obras tecnológicas.
Neste ano, vão trabalhar no novo laboratório, a convite do museu, Caetano Dias e Paulo Meira. Depois deles, seis artistas por ano participarão de projetos semelhantes.
Para dar conta das novas demandas, foram investidos na readequação do MIS até agora R$ 7,2 milhões, repassados do Estado para a organização social. Além de aumentar em 200 m2 a área expositiva, que passou para 800 m2, o projeto prevê ainda um restaurante -o antigo, que ficava dentro do MIS, foi removido- orçado em cerca de R$ 1 milhão, ainda em fase de licitação e que deve levar um ano para sair do papel.
Também dobrou o orçamento anual do MIS, que passou a dispor de R$ 4 milhões por ano de verbas do Estado neste ano. Ainda assim, a nova direção fechou parcerias com a iniciativa privada e a Imprensa Oficial do Estado, que ocupará uma loja no térreo, para garantir novos equipamentos, mais verbas e a publicação de catálogos.


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