|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
The National apresenta seu rock desacelerado
Banda, que toca no Brasil em outubro, é comparada a Joy Division e Tom Waits
Com sonoridade melancólica e "dark", repleta de nuances, grupo tem disco incluído na lista de melhores do ano em diversas publicações
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Uma banda como The National não se encaixa em tempos
de iPod, YouTube e velocidade
de informação. Suas músicas
demandam tempo -não que
sejam composições herméticas, mas são feitas de nuances
que talvez não sejam descobertas na primeira audição.
Um exemplo ocorreu com o
disco mais recente, "Boxer". O
álbum ganhou críticas boas no
lançamento, em maio de 2007,
mas só foi reconhecido quando
figurou na lista de melhores do
ano em diversas publicações.
Da mesma forma, "Boxer"
não se tornou um hit comercial
de início, mas conseguiu manter um nível de vendas constante durante o ano. O boca-a-boca favorável e os elogiosos
shows contribuíram para manter a banda em evidência.
A Folha acompanhou dois
concertos do National nos últimos dias: no domingo, no festival Lollapalooza, em Chicago, e
anteontem, em Nova York.
"Nossas canções não são tão
imediatas como "Hey Ya" [hit
do Outkast] ou "Crazy" [do
Gnarls Barkley]", conta Matt
Berninger, vocalista da banda,
à Folha. "Até tentamos escrever canções como essas, hits de
rádio, mas ficamos cansados
delas. As músicas que acabam
entrando nos discos são as que
nos conquistam com o tempo.
Então faz sentido que demore
para o ouvinte sentir alguma
conexão com as canções."
Tristeza e alegria
Berninger é um dos vocalistas mais talentosos do rock
atual. Sua voz de barítono fornece um tom melodramático e
"dark" a canções como "Baby
We'll Be Fine". E o faz ser comparado a Tom Waits e Nick Cave. A voz de Berninger e mais o
uso econômico de guitarras e a
bateria seca e marcante rendem comparações do National
com o Joy Division.
"Entendo isso. Soamos mais
como Joy Division do que como Sex Pistols. Ouvia "Love
Will Tear Us Apart" nas rádios,
mas não possuía nenhum disco
do Joy Division. Só quando surgiram essas comparações comprei alguns discos deles."
Berninger é o principal compositor do grupo -ele é o responsável pelas letras que tocam
em assuntos como relacionamentos se desintegrando e sobre o desespero de tentar começar tudo de novo. Ficar velho preocupa?
"É algo que passa pela cabeça... Algumas canções falam sobre conservar alguma irresponsabilidade, uma fantasia de
continuar jovem, algo que obviamente não é possível."
Berninger não concorda
quando reduzem a música da
banda a adjetivos como "melancólica" e "dark". "Há alguns
momentos "dark" e tristes nas
canções, mas há outros sentimentos. Há otimismo, humor,
felicidade. Mas, por alguma razão, os momentos "dark" são os
mais lembrados. Talvez porque
quando você está triste, tem
consciência exata de que está
triste, e quando está feliz não dá
tanto valor para aquilo, não dá
crédito àqueles momentos."
Shows no Brasil
Após o lançamento de "Boxer", o National entrou em turnê que só deve acabar no início
do ano que vem. Antes, em outubro, a banda vem pela primeira vez ao Brasil, dentro do
Tim Festival. Estar na estrada é
algo que agrada (mais ou menos) a Berninger.
"Gosto de alguns aspectos
[das turnês]. Gosto bastante
dos shows. Quando você sente
que fez um bom show, isso é um
dos melhores sentimentos.
Mas não gosto de ficar longe de
casa, de dormir em ônibus. É
estranho viver com seis, sete
pessoas em tão pouco espaço. A
única oportunidade que tenho
de ficar sozinho é quando vou
tomar banho. É difícil passar
por isso sendo um adulto."
O repórter THIAGO NEY viajou a convite do Tim
Festival
Texto Anterior: Música: Bad Religion vem ao Brasil em setembro Próximo Texto: Crítica/show: Grupo mira nos detalhes em show sem excessos Índice
|