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Erykah Badu cria discussão com vídeo polêmico
Cantora norte-americana finge levar um tiro próximo ao local onde John Kennedy foi assassinado em 1963
Dona de cinco discos de "neo-soul", ela se apresenta ao vivo em São Paulo e no Rio
no final deste mês
THIAGO NEY
DE SÃO PAULO
Uma mulher caminha pelas ruas de Dallas e vai tirando a roupa, peça a peça. Nua,
ao chegar perto do local onde
John Kennedy foi assassinado, em 1963, ela cai, como se
tivesse levado um tiro.
A mulher é Erykah Badu,
no vídeo de "Window Seat".
O clipe foi gravado sem autorização das autoridades; a
polícia de Dallas ameaçou indiciar Badu por atentado ao
pudor; ONGs reclamaram do
"mau gosto" da cantora.
Qual o objetivo de Badu?
"O vídeo foi realmente chocante, porque queria chamar
a atenção para o "groupthink'", contou a cantora à
Folha, ontem, por telefone.
"Groupthink" (ou pensamento de grupo) é um termo
cunhado pelo psicólogo Irving Janis nos anos 1970 para descrever como, em um
grupo, ocorrem pressões para que ideias individuais não
floresçam para que se alcance uma conformidade.
"Queria que motivasse
discussão. Todos os dias somos intimidados por outros
que não querem que pensemos de maneira diferente."
A entrevista com Badu foi
motivada por sua vinda ao
Brasil. Ela se apresenta no
Rio (no próximo dia 28) e em
São Paulo (no dia seguinte).
Badu -ou Erica Wright-,
39, nasceu em Dallas, Texas
(EUA). O "Badu" veio de um
verso de uma canção-falada
do cancioneiro americano
("shu-badu-badu"). É mãe
de três crianças de pais diferentes -uma delas, de André 3000, do Outkast.
Ela se tornou conhecida
na com seu primeiro disco,
"Baduizm", de 1997.
Sua música abria espaço
para improvisos jazzísticos,
possuía uma aspereza vinda
do rap e melodias que remetiam a nomões da black music americana. Por isso, classificaram Badu de neo-soul
-termo que ela abomina.
"Nem sei o que significa."
Quando começou, inspirava-se na "energia de Chaka
Khan, no coração de Stevie
Wonder, na sinceridade de
Joni Mitchell". Hoje ela é inspiração para um sem-número de jovens cantoras.
"Vejo similaridades. Eu
gosto, porque mostra que as
pessoas se emocionam por
minha música. Fico feliz."
Badu lançou cinco discos.
Os dois últimos, "New
Amerykah Part One" (2008)
e "New Amerykah Part Two"
(2010), são como irmãos
-um nascido sob George
Bush, o outro, sob Obama.
"Há algumas conotações
políticas, sim, mas o clima
não mudou muito. Apenas a
percepção das pessoas."
Badu vê as redes sociais
como "evolução" -tanto
que chegou a tuitar que iria
entrar em trabalho de parto.
"Gosto da ideia de redes sociais. De que pessoas distantes geograficamente, que
não se conhecem, podem se
comunicar. É uma evolução
nas relações humanas."
ERYKAH BADU
QUANDO 28/8 (RJ) e 29/8 (SP)
ONDE Estação Leopoldina (av.
Francisco Bicalho, s/nº, Rio);
Credicard Hall (av. das Nações
Unidas, 17.955; SP)
QUANTO R$ 100/R$ 400; 12 anos
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