LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

A febre de "reality shows" vem se confundindo com documentários, como nesta série de programas que começa a ser exibida pelo canal pago GNT. "Jovens, Ricos e Poderosos" mostra a vida de seis britânicos que têm como objetivo de vida dinheiro, fama e fortuna. Simples, não? Para esses jovens, nada parece ser problema.
Donatella, filha de um magnata de clubes ingleses, tenta tirar a carta de motorista. O pai a ensina a dirigir. Ele conta, orgulhoso da filha única: "Ela quase atropelou umas pessoas. Ela não vê nada em seu caminho. É a Donatella".
Após falhar três vezes no teste, a "princesinha do papai" é recompensada: um carro Mini, "igual ao da Madonna". O valor: 45 mil libras, com direito a navegador digital, DVD com som "surround", PlayStation para divertir o banco de trás e tapetes de lã de cordeiro.
O documentário gera muitas questões: existe mesmo gente assim? Não há nada melhor para fazer com dinheiro? E, principalmente, por que alguém teve a idéia de mostrar a vida vazia dessa gente e por que estou assistindo?
Alguns dizem que usam o dinheiro para aproveitar a vida ao máximo. No caso do playboy Alexander, que comprou um título de lorde por 20 mil libras, isso significa viver sozinho em uma casa de nove quartos ("Posso dormir um dia da semana em cada quarto e ainda sobram dois"). Ele procura uma namorada, mas acaba jantando sozinho um prato descongelado no microondas.
Momentos engraçados são poucos. Filha de um político corrupto, Victoria diz ser pobre e abandonada pelos amigos abastados, quer se tornar uma rapper e vai tentar mostrar seu talento em uma batalha de microfones. Ela é péssima. Sai arrasada após ser motivo de chacota e diz: "Se Jennifer Lopez pode cantar "eu tinha pouco e agora tenho muito", por que não posso fazer o contrário?"
Se a idéia é viver no mundo da fantasia, a novela das sete é muito mais real.