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Coletivo questiona racismo no futebol
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol não é o tema de "Futebol", performance do coletivo de
"artivismo" Frente 3 de Fevereiro
que abre hoje o Videobrasil. Motivado pelo episódio ocorrido em
abril deste ano, durante um jogo
entre os times São Paulo e Quilmes, da Argentina, em que o jogador argentino Leandro Desábato
ofendeu o brasileiro Grafite, o
grupo desenvolveu uma série de
intervenções que desembocaram
nessa apresentação, um mix de
teatro, música e vídeo, cuja temática é a mesma que levou a formação da Frente: o racismo.
"O futebol tenta ser o espetáculo
da harmonia racial. É interessante
investigar como o caso acabou em
uma ofensa racial, quebrando a
idéia de que esse é um ambiente
harmônico", acredita o artista
plástico Daniel Lima, 32.
A elaboração da performance
começou dentro de estádios de
futebol: o grupo foi a jogos levando bandeiras de 20 m x 15 m, onde
estavam escritas frases como
"Onde estão os negros?". "O estádio de futebol pode ser utilizado
para ações na mídia", diz Lima.
"A primeira bandeira foi exibida
pela Globo. Transformou-se em
um espetáculo do jogo."
O registro em vídeo dessas intervenções, mais um trabalho de
pesquisa sobre a repercussão do
incidente na mídia, resultou em
"Futebol", que reúne cerca de dez
pessoas, entre elas, o DJ Eugênio
Lima, atores do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e artistas de
outros coletivos de "artivismo".
O motivo que levou toda essa
gente a se mobilizar e formar a
Frente 3 de Fevereiro foi a morte
-em 3/2 de 2004- do dentista
negro Flávio Ferreira Sant'Ana,
assassinado por policiais que o
confundiram com um ladrão. "Isso agregou pessoas de diversas
áreas, e, desde então, tentamos fazer ações pontuais", afirma Lima,
que também é negro.
"Como negro, sei que essa teoria da democracia racial aceita pelo brasileiro não se realiza", diz
ele. "Os meios para discutir o tema racial no movimento negro
precisam ser atualizados."
(AF)
Futebol
Quando: hoje, às 21h
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