São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2005

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Coletivo questiona racismo no futebol

DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol não é o tema de "Futebol", performance do coletivo de "artivismo" Frente 3 de Fevereiro que abre hoje o Videobrasil. Motivado pelo episódio ocorrido em abril deste ano, durante um jogo entre os times São Paulo e Quilmes, da Argentina, em que o jogador argentino Leandro Desábato ofendeu o brasileiro Grafite, o grupo desenvolveu uma série de intervenções que desembocaram nessa apresentação, um mix de teatro, música e vídeo, cuja temática é a mesma que levou a formação da Frente: o racismo.
"O futebol tenta ser o espetáculo da harmonia racial. É interessante investigar como o caso acabou em uma ofensa racial, quebrando a idéia de que esse é um ambiente harmônico", acredita o artista plástico Daniel Lima, 32.
A elaboração da performance começou dentro de estádios de futebol: o grupo foi a jogos levando bandeiras de 20 m x 15 m, onde estavam escritas frases como "Onde estão os negros?". "O estádio de futebol pode ser utilizado para ações na mídia", diz Lima. "A primeira bandeira foi exibida pela Globo. Transformou-se em um espetáculo do jogo."
O registro em vídeo dessas intervenções, mais um trabalho de pesquisa sobre a repercussão do incidente na mídia, resultou em "Futebol", que reúne cerca de dez pessoas, entre elas, o DJ Eugênio Lima, atores do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e artistas de outros coletivos de "artivismo".
O motivo que levou toda essa gente a se mobilizar e formar a Frente 3 de Fevereiro foi a morte -em 3/2 de 2004- do dentista negro Flávio Ferreira Sant'Ana, assassinado por policiais que o confundiram com um ladrão. "Isso agregou pessoas de diversas áreas, e, desde então, tentamos fazer ações pontuais", afirma Lima, que também é negro.
"Como negro, sei que essa teoria da democracia racial aceita pelo brasileiro não se realiza", diz ele. "Os meios para discutir o tema racial no movimento negro precisam ser atualizados." (AF)


Futebol
Quando:
hoje, às 21h


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