São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009

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Poucos projetos de centros comerciais estão integrados ao tecido urbano

DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que agredir os olhos num "pastiche intolerável" do neoclássico, o modelo de shopping como centro comercial urbano desagrada arquitetos.
"Ideias como praça de alimentação, "terraço gourmet" e coisas do gênero põem o homem numa posição ridícula", opina o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. "Sou contrário à ideia de shopping center, que nasceu de uma proposta de não-cidade, do esquema rodoviário americano, evitando que apareça a real urbanidade."
Primos distantes das galerias comerciais parisienses do século 19 e fac-símile urbana do "shopping mall" norte-americano, os shoppings paulistanos sobrecarregam a estrutura viária de uma metrópole vertical.
"Mais um shopping talvez seja o estopim do caos", diz o crítico de arquitetura Guilherme Wisnik. "O shopping americano é afastado, suburbano. A gente no Brasil tem essa coisa meio estranha de shopping bem no coração da cidade."
Mesmo em bairros de densa ocupação residencial, poucos projetos de shopping em São Paulo se integram ao tecido urbano. "São murões que vão até a calçada e separam a vida do pedestre, não estão ligados às vias de transporte", diz Wisnik.
Menos utópico, Paulus Magnus acredita que é possível fazer conviver shoppings e uma densa malha urbana, mas critica projetos definidos por equipes de marketing em vez de seguir critérios arquitetônicos.
"Cidade é uma coisa política e social, não comercial", diz Magnus. "Um departamento de marketing não tem expertise urbana para saber como deve ser um edifício na cidade, que tem que ter a filosofia de um tempo, de um lugar."
E isso não quer dizer eliminar os shoppings. "Quem quer andar na rua pode andar na rua", diz Magnus. "A cidade de São Paulo comporta as duas coisas, tem gente que adora aglomerados de shopping." (SM)


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