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Poucos projetos de centros comerciais estão integrados ao tecido urbano
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais do que agredir os olhos
num "pastiche intolerável" do
neoclássico, o modelo de shopping como centro comercial urbano desagrada arquitetos.
"Ideias como praça de alimentação, "terraço gourmet" e
coisas do gênero põem o homem numa posição ridícula",
opina o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. "Sou contrário à
ideia de shopping center, que
nasceu de uma proposta de
não-cidade, do esquema rodoviário americano, evitando que
apareça a real urbanidade."
Primos distantes das galerias
comerciais parisienses do século 19 e fac-símile urbana do
"shopping mall" norte-americano, os shoppings paulistanos
sobrecarregam a estrutura viária de uma metrópole vertical.
"Mais um shopping talvez seja o estopim do caos", diz o crítico de arquitetura Guilherme
Wisnik. "O shopping americano é afastado, suburbano. A
gente no Brasil tem essa coisa
meio estranha de shopping
bem no coração da cidade."
Mesmo em bairros de densa
ocupação residencial, poucos
projetos de shopping em São
Paulo se integram ao tecido urbano. "São murões que vão até
a calçada e separam a vida do
pedestre, não estão ligados às
vias de transporte", diz Wisnik.
Menos utópico, Paulus Magnus acredita que é possível fazer conviver shoppings e uma
densa malha urbana, mas critica projetos definidos por equipes de marketing em vez de seguir critérios arquitetônicos.
"Cidade é uma coisa política
e social, não comercial", diz
Magnus. "Um departamento de
marketing não tem expertise
urbana para saber como deve
ser um edifício na cidade, que
tem que ter a filosofia de um
tempo, de um lugar."
E isso não quer dizer eliminar os shoppings. "Quem quer
andar na rua pode andar na
rua", diz Magnus. "A cidade de
São Paulo comporta as duas
coisas, tem gente que adora
aglomerados de shopping."
(SM)
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