São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2011

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Sertão mineiro invade circuito europeu

Após passagem pelo Festival de Veneza, ontem, filme "Girimunho" seguirá para Espanha, Alemanha e França

Trabalho de Helvécio Martins Jr. e Clarissa Campolina recria a vida de duas mulheres de 80 anos de São Romão

DE SÃO PAULO

O sertão mineiro bateu asas e voou. Filmado em São Romão (MG), cidade de 8.000 habitantes, o longa-metragem "Girimunho" emplacou nos festivais internacionais.
O filme foi exibido ontem na mostra "Orizzonti" do Festival de Veneza. Depois segue para Toronto e para o festival de San Sebastián, na Espanha. Já tem distribuição acertada em circuitos de arte da Espanha, da Alemanha, da França e dos Países Baixos.
A Folha assistiu ao longa dos mineiros Helvécio Martins Jr. e Clarissa Campolina numa projeção de pré-lançamento. Encontrou na tela um filme cheio de silêncios, claros e escuros, concentrado no universo das tradições populares: batuques cantados, rio São Francisco, relações com o tempo, com a morte e com a natureza.
As personagens principais são duas senhoras de mais de 80 anos: Bastu e Maria do Boi. Elas interpretam a si mesmas. Recriam situações pelas quais realmente passaram ou que foram "provocadas" pelos diretores.
Das festas populares e da morte do marido de uma delas vai se desenhando a trama em fragmentos que deixa entrever a chegada da modernidade ao cenário, com as bandas de brega e o Orkut. Helvécio e Clarissa fazem parte da Teia, coletivo de cineastas de Belo Horizonte criado em 2003, cujo trabalho foca no gênero documental e experimental.
Juntos, fizeram o curta "Trecho" (2006), premiado no Festival de Brasília; sozinhos na direção, ele fez "Nascente" (2005), e ela, "Notas Flanantes" (2009).
"Girimunho" é o primeiro longa da dupla, permeado de ecos do escritor mineiro Guimarães Rosa (1908-1967), a começar pelo cenário e pelo título -girimunho é uma outra palavra para redemoinho.
Em outubro, o filme desce o São Francisco, em que foi filmado, e será exibido na mostra itinerante Cinema no Rio. "Fico muito mais nervoso com a exibição em São Romão do que com a de Veneza", diz o diretor. Para um sertão tão vasto, o Lido ficou pequeno.
(GABRIELA LONGMAN)

JOSÉ SIMÃO
O colunista está em férias


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