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Vilela leva à cena vozeirão de Cauby
Em tributo ao cantor, ator produz e co-dirige com Flávio Marinho musical que estréia amanhã em SP
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Diogo Vilela não tem notícias
de que Cauby Peixoto tenha assistido a "Cauby! Cauby!", o
musical. Foram 11 semanas em
cartaz no Rio. "A família dele
viu", diz o ator. Agora, são mais
11 semanas em São Paulo, onde
o cantor terá chance de ver o
que se canta e conta de sua vida.
Vilela diz saber o que quer
quando se propõe a produzir e
estrelar uma biografia musical.
Ele já dirigiu um espetáculo sobre Elis Regina (2002) e protagonizou outro sobre Nelson
Gonçalves (1996).
"O desafio é contar a história
do biografado e torná-la verossímil, de maneira que exista
uma dramaticidade sempre
pungente, principalmente
quando se trata de Cauby, dono
de uma teatralidade natural",
diz Vilela, 48.
Muitos dos acertos de
"Cauby! Cauby!" ele credita ao
autor, Flávio Marinho, com
quem divide a direção. É a primeira parceria deles.
A peça fala de um artista que
acredita ter que viajar ao exterior para ser feliz. "A melancolia é muito forte no espetáculo",
diz Vilela.
A cronologia da vida e da carreira de Cauby não é linear. O
personagem conversa com um
jovem jornalista, com quem estabelece "um jogo de memória". O repórter, interpretado
por Rodrigo França, transforma-se ao longo do diálogo, refutando possível descaso quanto à geração de Cauby. Quando
toca em um assunto, esse surge
algumas cenas adiante.
"O jornalista e o público vão
se ajustando ao tempo de
Cauby e ao curso da história do
próprio país", diz Vilela.
"Criamos "pilares" como Di
Veras, espécie de alter ego das
situações que o Cauby viveu.
Ele se valia muitos das amigas,
da Ângela Maria, da Lana Bittencourt, da Maysa, que não
aparece, mas é citada."
Segundo o ator, há passagens
doloridas, como aquela em que
se fala do ostracismo que
Cauby experimentou pós-bossa nova. De acordo com Vilela, a
história emana algo de Fausto,
o personagem de Goethe que
"vende a alma ao Diabo", Mefistófeles, em troca de sucesso.
"É legal exercitar coisas que
aprendi nesses quase 36 anos
de carreira, com personagens
de diversas faixas etárias", diz
Vilela, que já fez "Hamlet", de
Shakespeare, e "Diário de um
Louco", de Gógol.
Vilela relata que a pesquisa
de campo (assistiu a vídeos e a
pelo menos quatro shows) e os
estudos de técnica vocal lhe
consumiram três anos. "Você
diz isso no Brasil e ninguém
acredita, mas é verdade", afirma o barítono.
CAUBY! CAUBY!
Onde: teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2.823, tel. 0/xx/11/3083.4475)
Quando: estréia amanhã, às 21h; sex.,
às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 18h.
Até 17/12
Quanto: R$ 90
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