São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Tropa de Elite" já foi visto por 19% dos paulistanos

Pesquisa feita na véspera da estréia indica que 1,5 milhão assistiram ao filme em cópia ilegal na cidade de São Paulo

Entre os que viram, 80% consideram o longa ótimo ou bom, 13% o avaliam como regular, e 7% acham a obra ruim ou péssima

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de sua estréia no cinema, ontem, o filme "Tropa de Elite" já havia sido visto por 19% dos paulistanos, segundo pesquisa do Datafolha realizada na última quinta-feira.
É possível dizer que 1,5 milhão assistiram ao longa antes de ele entrar cartaz, projetando o percentual entre os maiores de 16 anos que residem em São Paulo. Para a pesquisa, foram entrevistadas 601 pessoas; a margem de erro é de quatro pontos percentuais.
O filme do diretor José Padilha, que retrata o cotidiano de policiais do Bope, grupo de operações especiais da polícia carioca, foi pirateado e cópias começaram a ser comercializadas por camelôs no Rio, em agosto passado. Em pouco tempo, o DVD ilegal se espalhou pelo comércio ambulante do país.
"Se fosse no Rio, esse número [19%] seria muito maior. Acho que 5 milhões viram o filme, em São Paulo e no Rio, só por cópia pirata, espontaneamente, sem nenhum investimento de marketing", arrisca Padilha.
"Há algo diferente com esse filme. A pirataria é ruim, mas esse fenômeno demonstra uma demanda da população pelo filme e mostra que o cinema é relevante para a cultura nacional", completa. Segundo o diretor, cópias piratas já estão à venda até em Moçambique.
Ainda de acordo com a pesquisa Datafolha, 77% dos paulistanos já ouviram falar de "Tropa de Elite". Um debate sobre o caráter do filme, acusado de fazer apologia à polícia e de ser fascista, surgiu na mídia.
"Nunca antes na história deste país um filme teve uma repercussão como essa na mídia", brinca o diretor. "Só "Cidade de Deus" gerou um debate tão acalorado. Fico feliz porque temos que discutir segurança pública no Brasil", diz ele.

Nos cinemas
"Tropa de Elite" é exibido nos cinemas de São Paulo e do Rio desde ontem, com 140 cópias. Foi a segunda antecipação na data de estréia. Na próxima sexta, dia 12, o longa entra em cartaz no resto do país.
O diretor espera a estréia nacional para avaliar o desempenho de bilheteria do filme. "Tenho medo dessa abertura, que foi mudada na [última] terça. Não teve mídia nem TV."
Para Padilha, se, neste fim de semana, mil pessoas assistirem a cada cópia do filme, o que significa 140 mil espectadores, o resultado será "muito bom".
Entre os entrevistados pelo Datafolha que já assistiram ao filme, 33% afirmam que pretendem revê-lo "com certeza" na tela grande. Dentre os que já viram, 43% afirmam que não pretendem ir ao cinema.
"Se cada uma dessas pessoas for acompanhada, que é o que acontece geralmente no cinema, recuperamos duas vezes esses 33%. Outras pessoas já disseram isso, é um filme que pode ser visto uma, duas, três vezes", argumenta Padilha.
A taxa de aprovação do filme é alta. Entre aqueles que assistiram ao longa, 80% o classificaram como ótimo ou bom; 13%, como regular; e 7%, como ruim ou péssimo. "Esses 80% viram o filme não-finalizado, com som ruim e não na sua versão final", afirma ele.

Debate
"Tropa de Elite" teve pré-estréia anteontem, no Espaço Unibanco, em SP. Depois da exibição, houve debate com o diretor e com Alba Zaluar (antropóloga e colunista da Folha), Luiz Eduardo Soares (co-autor de "Elite da Tropa", livro no qual o filme é baseado) e Sérgio Rizzo, crítico da Folha.
"O filme não tem o poder de uma teoria ou de uma etnografia, apesar de ter um pé na realidade", disse Padilha.


Texto Anterior: Crítica/música: Disco celebra parceria de André Mehmari e Hamilton de Holanda
Próximo Texto: Discursos pró-periferia marcam premiação do Festival do Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.