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"Tropa de Elite" já foi visto por 19% dos paulistanos
Pesquisa feita na véspera da estréia indica que 1,5 milhão assistiram ao filme em cópia ilegal na cidade de São Paulo
Entre os que viram, 80% consideram o longa ótimo ou bom, 13% o avaliam como regular, e 7% acham a obra ruim ou péssima
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de sua estréia no cinema, ontem, o filme "Tropa de
Elite" já havia sido visto por
19% dos paulistanos, segundo
pesquisa do Datafolha realizada na última quinta-feira.
É possível dizer que 1,5 milhão assistiram ao longa antes
de ele entrar cartaz, projetando
o percentual entre os maiores
de 16 anos que residem em São
Paulo. Para a pesquisa, foram
entrevistadas 601 pessoas; a
margem de erro é de quatro
pontos percentuais.
O filme do diretor José Padilha, que retrata o cotidiano de
policiais do Bope, grupo de operações especiais da polícia carioca, foi pirateado e cópias começaram a ser comercializadas
por camelôs no Rio, em agosto
passado. Em pouco tempo, o
DVD ilegal se espalhou pelo comércio ambulante do país.
"Se fosse no Rio, esse número
[19%] seria muito maior. Acho
que 5 milhões viram o filme, em
São Paulo e no Rio, só por cópia
pirata, espontaneamente, sem
nenhum investimento de marketing", arrisca Padilha.
"Há algo diferente com esse
filme. A pirataria é ruim, mas
esse fenômeno demonstra uma
demanda da população pelo filme e mostra que o cinema é relevante para a cultura nacional", completa. Segundo o diretor, cópias piratas já estão à
venda até em Moçambique.
Ainda de acordo com a pesquisa Datafolha, 77% dos paulistanos já ouviram falar de
"Tropa de Elite". Um debate sobre o caráter do filme, acusado
de fazer apologia à polícia e de
ser fascista, surgiu na mídia.
"Nunca antes na história deste país um filme teve uma repercussão como essa na mídia",
brinca o diretor. "Só "Cidade de
Deus" gerou um debate tão acalorado. Fico feliz porque temos
que discutir segurança pública
no Brasil", diz ele.
Nos cinemas
"Tropa de Elite" é exibido
nos cinemas de São Paulo e do
Rio desde ontem, com 140 cópias. Foi a segunda antecipação
na data de estréia. Na próxima
sexta, dia 12, o longa entra em
cartaz no resto do país.
O diretor espera a estréia nacional para avaliar o desempenho de bilheteria do filme. "Tenho medo dessa abertura, que
foi mudada na [última] terça.
Não teve mídia nem TV."
Para Padilha, se, neste fim de
semana, mil pessoas assistirem
a cada cópia do filme, o que significa 140 mil espectadores, o
resultado será "muito bom".
Entre os entrevistados pelo
Datafolha que já assistiram ao
filme, 33% afirmam que pretendem revê-lo "com certeza"
na tela grande. Dentre os que já
viram, 43% afirmam que não
pretendem ir ao cinema.
"Se cada uma dessas pessoas
for acompanhada, que é o que
acontece geralmente no cinema, recuperamos duas vezes
esses 33%. Outras pessoas já
disseram isso, é um filme que
pode ser visto uma, duas, três
vezes", argumenta Padilha.
A taxa de aprovação do filme
é alta. Entre aqueles que assistiram ao longa, 80% o classificaram como ótimo ou bom;
13%, como regular; e 7%, como
ruim ou péssimo. "Esses 80%
viram o filme não-finalizado,
com som ruim e não na sua versão final", afirma ele.
Debate
"Tropa de Elite" teve pré-estréia anteontem, no Espaço
Unibanco, em SP. Depois da
exibição, houve debate com o
diretor e com Alba Zaluar (antropóloga e colunista da Folha), Luiz Eduardo Soares (co-autor de "Elite da Tropa", livro
no qual o filme é baseado) e
Sérgio Rizzo, crítico da Folha.
"O filme não tem o poder de
uma teoria ou de uma etnografia, apesar de ter um pé na realidade", disse Padilha.
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