São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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COMENTÁRIO

Para quem pode pagar, reunião de "gênios" espanhóis vale o quanto pesa

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O sonoro título de Jantar do Século, que reunirá 17 grandes chefs, tem sua razão de ser. Nos próximos 90 anos, muita comida ainda pode correr, mas por enquanto não se vislumbra que se repita algo desta magnitude.
Nomes como Adrià, é claro, mas também Aduriz são gênios da gastronomia contemporânea. Arzak, e mais jovens que ele, Berasategui e Roca, entre outros, também fulguram nessa constelação espanhola de vanguarda que estremeceu a antiga cozinha européia. E com eles estará Atala, que traduz esse espírito inovador no Brasil.
Sendo um jantar beneficente, o que está em questão não é o preço, já que, se fosse comercial, dificilmente aconteceria (só se tornou possível porque Adrià convidou cada chef, e nenhum deles cobrará -definir o cachê de cada um seria outra operação inviável). Ainda assim, a pergunta que ouço por todo lado é: vale o preço?
Sabendo que muito gourmet costuma pagar passagem, hotel e percorrer os melhores restaurantes da Catalunha, do país Basco ou da Bourgogne, gastando pequenas fortunas, não é absurdo que gaste muito dinheiro em um evento de tal ineditismo (mesmo se a comida de cada um dificilmente será idêntica à de seus restaurantes).
Ademais, existe uma medida de valor que não traduz o preço de algo assim apenas pela soma das horas trabalhadas. Produzidos pela mesma empresa, o Romanée-Conti pode custar cinco vezes mais do que o La Tâche. Será ele cinco vezes melhor? Não mesmo. Mas é mais raro e, principalmente, tem gente disposta a pagar. Eu não pagaria a partir de R$ 5.000 pelo Jantar do Século simplesmente porque não tenho esse dinheiro. Mas há quem tenha e se dispõe a pagar. Será dinheiro bem empregado.


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