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COMENTÁRIO
Para quem pode pagar, reunião de "gênios" espanhóis vale o quanto pesa
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
O sonoro título de Jantar do
Século, que reunirá 17 grandes
chefs, tem sua razão de ser. Nos
próximos 90 anos, muita comida ainda pode correr, mas por
enquanto não se vislumbra que
se repita algo desta magnitude.
Nomes como Adrià, é claro,
mas também Aduriz são gênios
da gastronomia contemporânea. Arzak, e mais jovens que
ele, Berasategui e Roca, entre
outros, também fulguram nessa constelação espanhola de
vanguarda que estremeceu a
antiga cozinha européia. E com
eles estará Atala, que traduz esse espírito inovador no Brasil.
Sendo um jantar beneficente, o que está em questão não é
o preço, já que, se fosse comercial, dificilmente aconteceria
(só se tornou possível porque
Adrià convidou cada chef, e nenhum deles cobrará -definir o
cachê de cada um seria outra
operação inviável). Ainda assim, a pergunta que ouço por
todo lado é: vale o preço?
Sabendo que muito gourmet
costuma pagar passagem, hotel
e percorrer os melhores restaurantes da Catalunha, do país
Basco ou da Bourgogne, gastando pequenas fortunas, não é absurdo que gaste muito dinheiro
em um evento de tal ineditismo
(mesmo se a comida de cada
um dificilmente será idêntica à
de seus restaurantes).
Ademais, existe uma medida
de valor que não traduz o preço
de algo assim apenas pela soma
das horas trabalhadas. Produzidos pela mesma empresa, o
Romanée-Conti pode custar
cinco vezes mais do que o La
Tâche. Será ele cinco vezes melhor? Não mesmo. Mas é mais
raro e, principalmente, tem
gente disposta a pagar. Eu não
pagaria a partir de R$ 5.000 pelo Jantar do Século simplesmente porque não tenho esse
dinheiro. Mas há quem tenha e
se dispõe a pagar. Será dinheiro
bem empregado.
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