São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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TRECHO

Minha mãe diz que meu pai se esqueceu do meu nome de propósito quando foi fazer minha inscrição no cartório. E me colocou o nome de Haydeé Mercedes, em vez de Marta Mercedes [...].
Claro, como é lógico, na minha casa mandava meu pai, mas, claro, como é lógico, sempre se terminava fazendo o que queria minha mãe. E então todos, desde que me lembro, me chamam de Marta. Sou a Marta e gosto muito mais de ser Marta do que Mercedes Sosa. Ninguém acredita nisso, mas é assim.
Com a história do nome, me livrei de um bom problema: minha mãe andou pensando em me batizar Julia Argentina, porque nasci em 9 de julho, Dia da Independência [...]. Teria sido um exagero. Imagine os apresentadores do mundo dizendo: "E agora... Julia Argentina Sosa, da Argentina!". [...] Outro exagero dentro de uma vida marcada por fatos exagerados, não queridos, nem sequer sonhados. [...] Também andei me chamando Gladys Osorio, quando quase adolescente comecei a cantar pelos microfones de uma rádio.
No final, das portas para dentro as coisas são como as mães querem e, das portas para fora, como as pessoas mandam. Na minha casa, definitivamente sou a Marta. Para as pessoas, definitivamente sou a Negra. Extraído de "Mercedes Sosa, La Negra" ed. Sudamericana, 2003

Tradução DENISE MOTA



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