São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Feira de Frankfurt abre hoje com foco nas mídias digitais

Maior evento literário do mundo, que vai até domingo, terá recorde de palestras sobre as novas tecnologias

Ideia é unir a nata da indústria para debater o futuro do mercado editorial; Argentina é o país homenageado

MARCOS FLAMÍNIO PERES
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Vivendo à custa de um dos suportes mais antigos de que se tem notícia -o papel-, a tradicional Feira de Livros de Frankfurt começa hoje obcecada pela tecnologia e por novas mídias.
Nesta edição, o mais importante evento do gênero em todo o mundo não cansa de destacar em seu site e no material promocional o "Frankfurt Sparks" [faísca de Frankfurt] -um inédito conjunto de debates, conferências e encontros sobre "iniciativa digital".
A ideia é aproximar editores e agentes -a velha mídia- de "representantes da indústria tecnológica" ou de quem detém o conhecimento de e-books, tablets, smartphones, portais, plataformas e direitos autorais na web -isto é, a nova mídia.
"Esse é o lugar para ver o futuro da indústria editorial", afirma Juergen Boos, diretor da feira que, neste ano, tem como país convidado a Argentina.
É um mercado ainda incipiente no Brasil, mas que caminha velozmente nos mercados de língua inglesa e da China.
Uma das palestrantes será Ann Betts, diretora comercial do Instituto Nielsen, responsável por recente pesquisa que diagnosticou pela primeira vez a sangria dos impressos.
Em entrevista à Folha, Betts defende que certas temáticas "irão desaparecer quase completamente em sua forma tradicional" -é o caso, por exemplo, dos "guias de viagem'".
Para o Brasil e boa parte dos outros países, avalia Betts, "ainda é muito cedo para falar do futuro". Mas acredita que a definição desse novo mercado "também dependerá muito do tema".
Os organizadores da feira acreditam tanto nisso que programaram 350 eventos ligados à mídia digital. Além de ideias e palavras, a feira oferece um bom dinheiro: 5.000 aos 12 melhores projetos sobre integração de plataformas.
Outro evento reunirá pesos-pesadíssimos da indústria editorial impressa.
Contudo, entre outros temas, diretores mundiais da Harpercollins, Simon & Schuster, Penguin e da francesa Flammarion também irão debater o novo cenário.
Ouvido pela Folha, Volker Weidermann, editor do prestigioso suplemento literário do "Frankfurter Allgemeine", também se diz "muito impressionado com os e-books" e crê haver "um grande mercado" para eles.
Mas pondera: "Assim como a TV não matou o cinema, e a internet não aboliu a TV, permanecerá mais um mercado -o do papel".
Tecnologia à parte, várias estrelas terão seus novos títulos negociados à moda antiga -no corpo a corpo entre agentes e editores.
Orhan Pamuk, ganhador do Prêmio Nobel de 2006, verá ir a leilão seu romance "A Strangeness in My Mind" (uma estranheza em minha mente). Nele, o escritor turco revisita sua Istambul natal ao narrar a história de um vendedor de rua.


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