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Feira de Frankfurt abre hoje com foco nas mídias digitais
Maior evento literário do mundo, que vai até domingo,
terá recorde de palestras sobre as novas tecnologias
Ideia é unir a nata da
indústria para debater o
futuro do mercado
editorial; Argentina é o
país homenageado
MARCOS FLAMÍNIO PERES
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Vivendo à custa de um dos
suportes mais antigos de que
se tem notícia -o papel-, a
tradicional Feira de Livros de
Frankfurt começa hoje obcecada pela tecnologia e por
novas mídias.
Nesta edição, o mais importante evento do gênero
em todo o mundo não cansa
de destacar em seu site e no
material promocional o
"Frankfurt Sparks" [faísca de
Frankfurt] -um inédito conjunto de debates, conferências e encontros sobre "iniciativa digital".
A ideia é aproximar editores e agentes -a velha mídia- de "representantes da
indústria tecnológica" ou de
quem detém o conhecimento
de e-books, tablets, smartphones, portais, plataformas
e direitos autorais na web
-isto é, a nova mídia.
"Esse é o lugar para ver o
futuro da indústria editorial", afirma Juergen Boos,
diretor da feira que, neste
ano, tem como país convidado a Argentina.
É um mercado ainda incipiente no Brasil, mas que caminha velozmente nos mercados de língua inglesa e da
China.
Uma das palestrantes será
Ann Betts, diretora comercial
do Instituto Nielsen, responsável por recente pesquisa
que diagnosticou pela primeira vez a sangria dos impressos.
Em entrevista à Folha,
Betts defende que certas temáticas "irão desaparecer
quase completamente em
sua forma tradicional" -é o
caso, por exemplo, dos
"guias de viagem'".
Para o Brasil e boa parte
dos outros países, avalia
Betts, "ainda é muito cedo
para falar do futuro". Mas
acredita que a definição desse novo mercado "também
dependerá muito do tema".
Os organizadores da feira
acreditam tanto nisso que
programaram 350 eventos ligados à mídia digital. Além
de ideias e palavras, a feira
oferece um bom dinheiro:
5.000 aos 12 melhores projetos sobre integração de plataformas.
Outro evento reunirá pesos-pesadíssimos da indústria editorial impressa.
Contudo, entre outros temas, diretores mundiais da
Harpercollins, Simon &
Schuster, Penguin e da francesa Flammarion também
irão debater o novo cenário.
Ouvido pela Folha, Volker
Weidermann, editor do prestigioso suplemento literário
do "Frankfurter Allgemeine", também se diz "muito
impressionado com os e-books" e crê haver "um grande mercado" para eles.
Mas pondera: "Assim como a TV não matou o cinema,
e a internet não aboliu a TV,
permanecerá mais um mercado -o do papel".
Tecnologia à parte, várias
estrelas terão seus novos títulos negociados à moda antiga -no corpo a corpo entre
agentes e editores.
Orhan Pamuk, ganhador
do Prêmio Nobel de 2006, verá ir a leilão seu romance "A
Strangeness in My Mind"
(uma estranheza em minha
mente). Nele, o escritor turco
revisita sua Istambul natal ao
narrar a história de um vendedor de rua.
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