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DEPOIMENTO
Lama foi a coqueluche na primeira edição do Rock in Rio
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Para quem foi à primeira
edição do Rock in Rio, em
1985, duas palavras ficaram
na memória: "metaleiro", e
"lama".
A primeira palavra foi uma
expressão criada na época
para designar fãs de heavy
metal e adoradores do diabo
em geral.
Já a lama foi a grande coqueluche do festival. Ninguém escapou limpo.
Depois de 25 anos, confesso não lembrar exatamente
em que dias do festival a chuva caiu com mais ou menos
intensidade.
Mas lembro que a Cidade
do Rock mais parecia um
charco.
Imagine uma tempestade
de verão carioca desabando
enquanto 200 mil pessoas
pulavam sem parar durante
dez dias. Foi a maior mousse
de areia da história.
E os banheiros?
Metaleiros e new waves
corriam para os sanitários
depois de entornar goela
abaixo litros de Malt 90 (carinhosamente apelidada de
"Malt Nojenta"), só para encontrar um local que mais se
assemelhava a um chiqueiro
depois de um tsunami.
Para piorar, algum gênio
teve a ideia de montar um
chafariz, que logo virou mictório, piscina pública e certamente um pestilento foco de
leptospirose.
Muitos roqueiros voltaram
descalços para casa. Era a
época dos "top-siders", moderníssimos sapatos sem cadarço que faziam a cabeça da
galera. E muitos ficaram por
lá, enterrados na Cidade do
Rock.
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