São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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DEPOIMENTO

Lama foi a coqueluche na primeira edição do Rock in Rio

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Para quem foi à primeira edição do Rock in Rio, em 1985, duas palavras ficaram na memória: "metaleiro", e "lama".
A primeira palavra foi uma expressão criada na época para designar fãs de heavy metal e adoradores do diabo em geral.
Já a lama foi a grande coqueluche do festival. Ninguém escapou limpo.
Depois de 25 anos, confesso não lembrar exatamente em que dias do festival a chuva caiu com mais ou menos intensidade.
Mas lembro que a Cidade do Rock mais parecia um charco.
Imagine uma tempestade de verão carioca desabando enquanto 200 mil pessoas pulavam sem parar durante dez dias. Foi a maior mousse de areia da história.
E os banheiros?
Metaleiros e new waves corriam para os sanitários depois de entornar goela abaixo litros de Malt 90 (carinhosamente apelidada de "Malt Nojenta"), só para encontrar um local que mais se assemelhava a um chiqueiro depois de um tsunami.
Para piorar, algum gênio teve a ideia de montar um chafariz, que logo virou mictório, piscina pública e certamente um pestilento foco de leptospirose.
Muitos roqueiros voltaram descalços para casa. Era a época dos "top-siders", moderníssimos sapatos sem cadarço que faziam a cabeça da galera. E muitos ficaram por lá, enterrados na Cidade do Rock.


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