São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

De Stone a Benigni, todos querem um pedaço

DA REPORTAGEM LOCAL

Na melhor tradição "comportamento de manada" que rege Hollywood e a indústria do entretenimento norte-americana em geral, "Over There" parece ter aberto a comporta de obras que têm como tema ou citam a invasão do Iraque. Há telefilmes, filmes, peças, livros e até uma "graphic novel" em diferentes etapas de produção. A seguir, a Folha destaca os mais significativos ou com nomes mais relevantes.
Os principais são um filme que a Universal desenvolve sobre a batalha de Fallujah, baseado no livro "No True Glory", do ex-assessor de Bush e ex-fuzileiro naval Bing West, que terá Harrison Ford como um general, ainda sem data de estréia, e "Jarhead" ("cabeça de jarra", em inglês), que estreou sexta-feira nos EUA.
Dirigido pelo mesmo Sam Mendes de "Beleza Americana", é baseado no best-seller homônimo de outro fuzileiro naval, Anthony Swofford, de 2003, que conta a história do militar, que esteve em diversas empreitadas dos EUA no, digamos, setor bélico desde a Guerra do Golfo, em 1991.
É um tocante libelo antiguerra e, embora se passe principalmente na primeira batalha do Iraque, a comparação é evidente -como quando um soldado diz: "Nós nunca mais voltaremos para cá".
Em espécie de "outro lado", ou outra visão da mesma história, aparece o amaldiçoado filme baseado no best-seller "O Blog de Bagdá", por sua vez baseado no diário virtual que o arquiteto iraquiano homossexual de 29 anos escrevia clandestinamente a partir da capital do Iraque sob Saddam, enquanto choviam bombas e mísseis naquele março de 2003.
O acordo foi assinado em 2004 com a Intermedia, o blogueiro foi personagem de ou dirigiu dois documentários desde então, chegou a ter uma coluna no jornal londrino "Guardian" -e o filme de ficção não sai do papel. Talvez isso explique o título do atual blog que Salam Pax mantém: "Cale a boca, seu gordo chorão!".
Outro que anunciou que deve começar seu filme ficcional focado no 11 de Setembro mas nele tratar da invasão do Iraque -como fez Michael Moore, só que em documentário- é Oliver Stone, uma espécie de cronista da história recente norte-americana, quase sempre sob o viés da teoria da conspiração ("JFK", "Nixon", "Nascido em 4 de Julho").
Pouco se sabe do filme, que já causa polêmica entre as famílias dos sobreviventes de ambos os eventos, a não ser que Nicolas Cage deve ser o protagonista e que seu diretor é também o autor da polêmica frase, dita em outubro de 2001, que reza que o 11 de Setembro foi uma "revolta" contra as "corporações multinacionais".
Por fim, o intenso ator italiano Roberto Benigni estreou em seu país "O Tigre e a Neve", em outubro último, que vai na mesma linha de buscar a fábula por trás da desgraça que lhe valeu o Oscar em 1997 por "A Vida É Bela". Daquela vez, era o nazismo; agora, é o caos pós-invasão iraquiana. "Não é um filme ideológico", disse. (SD)

Texto Anterior: Crítica: Já na estréia, o aviso: aqui não é "M*A*S*H"
Próximo Texto: Coleção Folha: Volume se dedica a folclore de sinfonias de Dvorák
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.