|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Caetano canta Neguinho do Samba e Lévi-Strauss
Cantor deve homenagear músico e antropólogo em show hoje e amanhã em SP
Artista baiano já tem três projetos para começar depois de encerrada a turnê de "Zii e Zie" -incluindo um álbum de música eletrônica
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a morte de Claude Lévi-Strauss na terça-feira, Caetano
Veloso levantou a hipótese de
incluir "O Estrangeiro", música
de 1989 em que cita nominalmente o antropólogo francês,
no repertório deste retorno do
show "Zii e Zie" a São Paulo.
"Seria uma maneira de homenageá-lo", diz o cantor.
"Mas tenho mais vontade de
homenagear Neguinho do
Samba, que inventou a batida
do Olodum. Morreu [no domingo] e não vi a imprensa fazer um obituário à sua altura.
Talvez homenageie os dois."
Olodum e Lévi-Strauss -no
conceito de "Zii e Zie" cabe isso
tudo. Embora levados por uma
banda de rock, tanto o show
quanto o álbum que o gerou são
musicalmente mais abrangentes do que era "Cê", trabalho
anterior de Caetano que inaugurou sua atual fase "roqueira".
Segundo o cantor, o desvio de
rota foi proposital. ""Cê" era
muito anglo-saxão", diz. "Aqui,
por uma ligação com o samba e
com melodias mais brasileiras,
fiz com que aquela definição
próxima de algo como o "indie
rock" [predominante em "Cê']
não fosse confirmada como a linha do meu trabalho agora."
Caetano afirma, porém, que
essa curva em direção ao samba
não será necessariamente continuada adiante. Ele já esboça
três possibilidades.
A primeira é fazer, "sem saber para onde isso me levará", o
terceiro disco com a bandaCê
-formada pelo guitarrista Pedro Sá, o baixista e tecladista
Ricardo Dias Gomes e o baterista Marcelo Callado.
Outra é um projeto "radical"
de voz e violão. "Essa é uma coisa que as pessoas me pedem,
mas sempre num sentido conservador, de refazer aquilo que
já é legal", conta. "Não. Quero
parar uns meses e me preparar
para fazer um negócio profundo, que fuja daquelas músicas
que todo mundo já sabe."
A terceira é um trabalho baseado em música eletrônica,
possivelmente para ser cantado por outra pessoa. "Esse eu
ainda nem sei direito o que vai
ser. Vou precisar da ajuda de alguém que saiba fazer isso."
Mas nada disso vai ser começado, ele garante, até que a temporada de "Zii e Zie" se encerre.
Depois de São Paulo, o show
volta ao Rio e parte para temporada internacional.
"Quero que, desta vez, o show
brilhe mais em São Paulo", diz.
"Ele está mais rodado, mais
maduro em nós. E, com o tempo passando, ele amadureceu
também nas pessoas. Mesmo
nas que ainda não o viram."
CAETANO VELOSO
Quando: hoje e amanhã, às 22h; domingo, às 20h
Onde: Citibank Hall (al. dos Jamaris,
213, tel. 0/xx/11/2846-6000)
Quanto: R$ 80 a R$ 170
Classificação: 12 anos
Texto Anterior: Crítica/"Um Lobisomem na Amazônia": Cardoso derrapa em clichês em filme de lobisomem Próximo Texto: Jamil Maluf deixa direção artística do Municipal Índice
|