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Filme é marcado pela ambiguidade
BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local
A ambiguidade prevalece ao longo de "Amor & Cia.", filme que estréia hoje em São Paulo e em cinco
capitais do país, além de São João
del Rey, cidade onde foi rodado.
"Amor & Cia." narra, em tom folhetinesco, a história de um adultério que vira do avesso a vida de três
personagens: o comerciante Alves
(Marco Nanini), o marido traído,
Ludovina (Patrícia Pillar), a esposa
adúltera, e Machado (Alexandre
Borges), sócio e melhor amigo de
Alves, flagrado trocando carícias
com a esposa do comerciante.
"A partir do flagrante, Alves fica
ensandecido e faz uma série de deduções sobre o que realmente se
passou entre Ludovina e Machado", afirma Marco Nanini.
As dúvidas que atormentam Alves também rondam o espectador.
Fica-se no escuro quanto à verdadeira extensão do adultério: tratou-se de uma aventura ou de um
romance de longa data?
As cartas de amor escritas por
Ludovina são endereçadas a Machado ou são apenas devaneios de
uma ávida leitora de folhetins românticos? "Não fica claro se Ludovina é uma sonhadora ou uma leviana", diz Patrícia Pillar, sobre o
papel que lhe deu o prêmio de melhor atriz no Festival de Brasília.
Igualmente ambíguo é Machado.
Apresentado inicialmente como
um conquistador com jeitão de cafajeste, aos poucos mostra-se um
amigo devotado, que sofre sinceramente quando Alves lhe dá as
costas. Na definição de Alexandre
Borges, "Machado é alguém que
não mede as consequências de
seus atos, mas que sofre uma
transformação após o flagrante".
Para compor tipos de natureza
tão incerta, os atores optaram por
uma interpretação que se aproxima do farsesco. "Busquei um tom
exacerbado, próximo ao do melodrama, mas que não desbancasse
para o cômico", diz Nanini.
Machado, por sua vez, se assemelha a um galã da antiga, com um
quê de Errol Flynn. "Foi uma forma de expor a comicidade do ser
humano", diz Borges. Para Patrícia
Pillar, o filme tem toques operísticos, "mas é farto em sentimento e
evita a caricatura, o histrionismo".
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