São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

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Filme é marcado pela ambiguidade

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

A ambiguidade prevalece ao longo de "Amor & Cia.", filme que estréia hoje em São Paulo e em cinco capitais do país, além de São João del Rey, cidade onde foi rodado.
"Amor & Cia." narra, em tom folhetinesco, a história de um adultério que vira do avesso a vida de três personagens: o comerciante Alves (Marco Nanini), o marido traído, Ludovina (Patrícia Pillar), a esposa adúltera, e Machado (Alexandre Borges), sócio e melhor amigo de Alves, flagrado trocando carícias com a esposa do comerciante.
"A partir do flagrante, Alves fica ensandecido e faz uma série de deduções sobre o que realmente se passou entre Ludovina e Machado", afirma Marco Nanini.
As dúvidas que atormentam Alves também rondam o espectador. Fica-se no escuro quanto à verdadeira extensão do adultério: tratou-se de uma aventura ou de um romance de longa data?
As cartas de amor escritas por Ludovina são endereçadas a Machado ou são apenas devaneios de uma ávida leitora de folhetins românticos? "Não fica claro se Ludovina é uma sonhadora ou uma leviana", diz Patrícia Pillar, sobre o papel que lhe deu o prêmio de melhor atriz no Festival de Brasília.
Igualmente ambíguo é Machado. Apresentado inicialmente como um conquistador com jeitão de cafajeste, aos poucos mostra-se um amigo devotado, que sofre sinceramente quando Alves lhe dá as costas. Na definição de Alexandre Borges, "Machado é alguém que não mede as consequências de seus atos, mas que sofre uma transformação após o flagrante".
Para compor tipos de natureza tão incerta, os atores optaram por uma interpretação que se aproxima do farsesco. "Busquei um tom exacerbado, próximo ao do melodrama, mas que não desbancasse para o cômico", diz Nanini.
Machado, por sua vez, se assemelha a um galã da antiga, com um quê de Errol Flynn. "Foi uma forma de expor a comicidade do ser humano", diz Borges. Para Patrícia Pillar, o filme tem toques operísticos, "mas é farto em sentimento e evita a caricatura, o histrionismo".



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