São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2008

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Em ponto de bala

A cantora, que estréia no Brasil no dia 14, iniciou sua turnê pela América do Sul com show irrepreensível, mas previsível

Martin Bonito/Clarín
Madonna no início do show de anteontem no estádio do River Plate, em Buenos Aires

IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Ela está chegando. E traz sua fábrica de pirulitos, a turnê "Sticky & Sweet" (pegajoso e doce) do álbum "Hard Candy" (doce duro), para cinco shows no Brasil começando daqui a uma semana: domingo (14) e segunda (15) no Maracanã, no Rio de Janeiro; quinta (18), sábado (20) e domingo (21) no Morumbi, em São Paulo. Anteontem, Madonna, 50, iniciou o braço da turnê na América do Sul. Tocou em Buenos Aires, no estádio do River Plate, para cerca de 60 mil pessoas. Ela não vinha à Argentina desde 1995, quando filmou "Evita" -e enfrentou, na época, resistência local por se atrever a encarnar o mito portenho. Madonna tinha tocado em Buenos Aires apenas em 1993, quando também veio ao Brasil.
Anteontem, fez um show profissional e irrepreensível. E previsível, já que uma apresentação "Sticky & Sweet" é um espetáculo com roteiro minimamente planejado, mais como uma peça teatral do que para um show de rock. São sempre 24 músicas -nove delas do último disco. Sempre as mesmas danças e sempre na mesma ordem.

Momento Evita
Dito isso, Madonna quebrou a regra em Buenos Aires ao engatar "Don't Cry for Me Argentina" à canção "You Must Love Me" (ambas da trilha sonora de "Evita"). E o fez sem nenhuma vergonha, estampando a bandeira argentina em todos os telões do estádio. Foi um dos raros momentos em que o público portenho esboçou reação e aplaudiu.
Pouco depois, um vídeo ao som de "Get Stupid" (trecho da canção "Give It 2 Me", do último álbum), com cenas de gente morta, de exércitos, ditadores, guerras, crianças famintas, Martin Luther King, Nelson Mandela, John Kennedy, terminando com imagem congelada de Barack Obama. Se esses momentos politizados foram um tanto óbvios, houve euforia nas músicas finais: "Like a Prayer", "Ray of Light" e "Hung Up". Aí, sim, os argentinos caíram na dança e pareciam estar num estádio assistindo a um show. No restante, o público parecia estar vendo a um DVD na sala de casa, sem se mexer.
Madonna prova que é mais uma show-woman que uma cantora, ao desafinar em alguns momentos, notadamente em "Borderline", que ganha uma versão hard rock apoiada em grande parte na voz.
Mas o restante do show foi irrepreensível. A estrutura é mega, o som é excelente, o visual é ultracolorido, os vídeos conversam com as canções de diversas maneiras, incluindo participações especiais de Britney Spears, Justin Timberlake e dos produtores Timbaland e Pharrel Williams.
Um telão em formato cilíndrico, que desce e envolve a cantora, é o maior destaque do palco. E, apesar de se apoiar cada vez mais na tecnologia, Madonna não assume seus 50 anos e chega a pular corda durante "Into the Groove".
Tanto na Argentina como no Brasil, a preparação do público está a cargo de Paul Oakenfold.
Trata-se de um DJ londrino de trance e house que já tocou para os brasileiros. Ele teve, inclusive, sua semana de "melhor do mundo". Oakenfold faz um set de 40 minutos e agrada a maioria do público.

Cancelamento
O primeiro dos quatro shows de Buenos Aires, programado para quarta-feira, foi adiado devido à não-chegada de um contêiner de roupas. "Quando soube que parte do equipamento não chegaria a tempo, chorei", escreveu Madonna, em nota distribuída na quarta. "Por sorte, estou em condições de reprogramar esse show e peço desculpas pelos inconvenientes causados."
A artista se referia a filas de fãs acampados nas imediações do estádio que foram prejudicados pelo cancelamento. O problema é que o show de quarta foi reprogramado para ontem, mantendo o de quinta inalterado. Muitos fãs, que haviam viajado especialmente para a apresentação, não tinham onde ficar na capital.
O desgaste físico causado pelo show obrigou a produção a mexer também nas datas subseqüentes. Para não fazer quatro shows seguidos, a apresentação de hoje também foi adiada, para segunda. A de amanhã continua igual.


MADONNA NO BRASIL
Quando:
dias 14 (domingo) e 15 (segunda), no Rio; 18 (quinta), 20 (sábado) e 21 (domingo), em São Paulo, às 20h
Onde: estádios do Maracanã (Rio) e do Morumbi (SP)
Quanto: ainda há ingressos para todos os dias, de R$ 160 a R$ 300
Classificação: a partir de 12 anos com responsáveis, ou maiores de 14
Avaliação (show em Buenos Aires): ótimo



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