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CINEMA
Dirigido por Mauro Lima, novo longa com a personagem reúne no elenco crianças da região em defesa dos bichos
"Tainá 2" enfrenta a floresta amazônica
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem assiste a "Tainá 2 - A
Aventura Continua", segunda
parte da saga da indiazinha defensora dos animais que estréia hoje,
talvez não imagine a complicada
logística de sua produção.
Crianças, bichos e floresta não
são elementos fáceis de manejar.
"São coisas que um cineasta sensato deve evitar, mas fomos ao auge do masoquismo, colocamos
ainda as águas do rio Negro", diz
o produtor Pedro Róvai, responsável pelos dois episódios.
Convidado por Róvai, o diretor
Mauro Lima aceitou a empreitada
de filmar o segundo longa-metragem sobre Tainá. Detalhe: na época das cheias na Amazônia, quando os rios sobem até 30 metros,
mas, em compensação, as paisagens ficam mais bonitas.
"Fui para lá depois de assistir
aos filmes do Herzog, além de
"Floresta das Esmeraldas", do
John Boorman, e "Brincando nos
Campos do Senhor", do Babenco,
e ler os relatos dos desafios que os
diretores enfrentaram", conta.
E as dificuldades relatadas pelos
predecessores se repetiram. "O
calor é causticante, há muita umidade, além da dificuldade do solo.
Todo o transporte tem que ser feito de barco e não há muita terra
firme para fazer uma base para a
equipe. Filmar qualquer bobagem
é muito complicado."
Apesar dos obstáculos naturais,
a floresta era a casa da maioria do
elenco infantil. Assim como Eunice Baía, que faz Tainá, Arilene Rodrigues, que interpreta a pequena
Catiti, foi recrutada na região. A
tribo de curumins também é de
crianças da região.
O novo filme repete a estrutura
do anterior, colocando em contato a criança da cidade e os índios,
e o antagonismo com os vilões.
Liderada por Tainá, agora pré-adolescente, uma tribo luta contra
uma gangue que quer roubar seus
bichinhos de estimação -macacos, jabutis e bichos-preguiça.
Um cachorrinho da cidade,
mascote de Carlito (Vitor Morosini), garoto que vai visitar o pai
(Kadu Moliterno) na floresta,
também corre perigo, depois de
pular no rio Negro. O menino sai
em busca do cão e encontra Tainá
e sua "aprendiz" Catiti.
A relação entre as crianças e os
animais da região foi o ponto de
partida do produtor para o primeiro esboço do longa.
"Quando filmei um documentário na Amazônia, há mais de 20
anos, fiquei fascinado pelo lado
lúdico das crianças ribeirinhas.
Mesmo vivendo à margem da pobreza, elas eram felizes. Não tinham brinquedos, mas tinham
bichinhos. Fiz fotos de cenas das
crianças com os animais que me
inspiram até hoje", relata Róvai.
A princípio, ele imaginava um
filme com tendência social, que
acabou dando lugar a um viés
mágico e de aventura.
"Em vez do tom catastrofista,
quis colocar as crianças a favor
dos animais da floresta."
O resultado bem-sucedido pode
ser medido não somente pela
continuação mas também pela
carreira de "Tainá - Uma Aventura na Amazônia". O filme teve
uma performance surpreendente
no cinema, fez carreira em festivais (participou de 52, ganhou nove), continuou a ser exibido em
escolas e projetos educacionais no
Brasil e foi vendido para as TVs da
América Latina e da China.
"Se no Brasil houvesse mercado, "Tainá" seria uma marca forte
e viveria de subprodutos", diz Róvai. Por enquanto, a carreira da
indiazinha fica somente no cinema, talvez num terceiro filme.
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