São Paulo, sexta-feira, 07 de janeiro de 2011

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OPINIÃO POP

Amy paga tributo careta ao som dos 1960

Trabalho da cantora se limita a um repeteco do repertório de britânicas como Dusty Springfield e Petula Clark


AMY NÃO INOVA, É UMA CROONER, COMO DIZEM OS ANTIGOS. ÓTIMA, MAS CARETA NO PALCO. A OUSADIA ESTÁ RESERVADA ÁS BALADAS


DE SÃO PAULO

Os fãs de Amy Winehouse no Brasil são entusiasmados, barulhentos até, e são inúmeros entre os "formadores de opinião". A expectativa em torno dela é justificável.
Com um vozeirão e apelo sexual para todos os gêneros, é uma figuraça. Seu estilo "viva rápido, morra jovem" transforma cada aparição em um evento a conferir.
Mas é exagero dizer que ela mudou o pop. Amy não inova, é uma crooner, como dizem os antigos. Ótima, mas careta no palco. A ousadia está reservada às baladas.
Pode ser classificada como a versão feminina de Lenny Kravitz -embora Amy talvez tenha mais testosterona.
São artistas que retomam momentos anteriores do pop e com eles moldam seu repertório. O ruim é fazer isso sem avançar um passinho sequer.
Kravitz pega o rock viajandão da segunda metade dos anos 1960 com assinatura negra, misturando Jimi Hendrix e Sly & Family Stone.
Amy recua mais para o início daquela década, bebendo na fonte de cantoras de soul, notadamente as britânicas.
Quem insiste em comparar Amy a vozes negras do jazz, como Billie Holiday e Sarah Vaughan, não sabe o que está falando. Referências a Motown, gravadora do som negro nos anos 1960, bem, aí já é um caso de miopia musical.
As raízes do som de Amy estão em artistas de soul como a deusa Aretha Franklin e as menos conhecidas Betty Everett e Doris Duke, mas, principalmente, nas vozes britânicas como Petula Clark, Lana Sisters, Sandie Shaw e Dusty Springfield.
O que ela faz é idêntico ao trabalho delas, repeteco sem ousadia. É como uma cantora competente que comanda um baile da saudade.
Duffy, outra britânica novinha que adora o soul sessentista, injeta britpop nesse estilo e soa mais interessante. Mas seu tipo de menina comportada não é páreo na mídia para o furacão Amy.
Nos anos 1970, o roqueiro Alice Cooper alimentava a imprensa voltada aos excessos das celebridades como Amy faz hoje e vendeu milhões sem inovar um acorde.
Ele foi o número um do show business, mas ficou na história como o maluco que dormia com cobras e destruía carros e quartos de hotel.
Amy poderá ser lembrada apenas como a drogada que armava barracos. O risco é grande.
(THALES DE MENEZES)


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