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Livros
Biografia conta a vida de "Forrest Gump" do rock
Livro retrata Bill Graham, produtor que profissionalizou os shows de rock
Janis Joplin, Jimi Hendrix e Rolling Stones são alguns dos artistas que trabalharam com o produtor, morto em acidente de helicóptero
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele não cantava, não tocava
instrumentos, não compunha
nem tomava drogas, fugindo de
qualquer estereótipo de estrela
da música. Mesmo assim, Bill
Graham foi uma das figuras
centrais do cenário da geração
"flower power". E o livro que
conta a sua história é leitura
fundamental para qualquer um
que queira entender o rock dos
anos 60 e 70 ou mesmo o show
business atual. Mas quem diabos é Bill?, pode (e deve) se perguntar o leitor brasileiro.
"Ele é o maior produtor de
shows de todos os tempos. Foi
ele a primeira pessoa que levou
um cuidado cênico ao rock:
preocupava-se com os efeitos
das luzes, buscava o melhor
equipamento de som. Ou seja,
tentava criar um ambiente
amigável onde a banda pudesse
tocar decentemente, e o público, assistir. Sem contar que, ao
lado de Bob Geldof, ele foi responsável pelo Live Aid [primeiro megashow de rock beneficente, organizado em 1985 para
arrecadar fundos e combater a
fome na Etiópia]", diz o jornalista norte-americano Robert
Greenfield, 62, coautor de "Bill
Graham Apresenta: Minha Vida Dentro e Fora do Rock", livro de proporções épicas publicado no exterior em 1992 e que
saiu no Brasil apenas no final
do ano passado.
"Épico" não apenas pelas
suas 576 páginas. Na segunda
parte, todos que importam (ou
já importaram) no rock esbarram em Bill Graham (1931-1991) ou nas suas lendárias casas de show Fillmore: Bob
Dylan, Rolling Stones, Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Doors,
The Who, Led Zeppelin, Grateful Dead, Carlos Santana....
"Nenhum deles teria se tornado tão famoso se Bill não tivesse feito o que fez, levando
suas músicas a tantas pessoas",
afirma Greenfield.
Dizer que Graham é o maior
produtor pode não impressionar. Mas, se hoje, apresentações dos Stones na praia de Copacabana ou de Madonna em
estádios não causam tanto espanto, nos anos 60 era algo distante, já que a profissionalização dos shows não era regra.
"O livro é sobre a história de
Bill, mas é também a história
do rock'n'roll, sobre como, com
a sua ajuda, ele se transformou
numa indústria que movimenta milhões de dólares até hoje."
Greenfield, jornalista especializado no gênero, fez todas
as entrevistas (cerca de 125
personagens, segundo ele) do
livro, estruturado da célebre
forma de "Mate-me, por Favor"
(1997). Ou seja, uma série de
depoimentos em primeira pessoa editados e organizados de
forma a contar uma história.
Sonho americano
A música é o atrativo do livro.
Surpreendente, então, é que a
primeira parte, que consome
146 páginas, tenha nada sobre
rock. E, mesmo assim, seja uma
narrativa emocionante. "Como
muitos imigrantes que vieram
para a América, Bill queria um
livro que contasse a sua vida",
conta Greenfield, que escreveu
uma peça sobre Graham, um
monólogo encenado em 2000
em Los Angeles.
A vida de Graham é digna de
Forrest Gump e Benjamin Button e deve virar filme, se depender de Greenfield. Nascido em
Berlim, teve que fugir dos nazistas ainda criança. Viveu em
orfanatos na França e viu a Segunda Guerra de perto. Foi enviado aos EUA sem nada no
bolso e ficou um longo tempo à
espera de alguém que o adotasse. Jovem, lutou na Guerra da
Coreia, foi motorista de táxi,
garçom, ator. Mais tarde, já famoso, atuou em filmes como
"Apocalypse Now" (1979) e
"Bugsy" (1991). Uma vida impossível de ser resumida em
um parágrafo.
BILL GRAHAM APRESENTA:
MINHA VIDA DENTRO E FORA
DO ROCK
Autores: Bill Graham e Robert
Greenfield
Tradução: Juliana Lemos
Lançamento: Barracuda
Quanto: R$ 59 (576 págs.)
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