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Mostra reúne, na sala de cinema, filmes propagados pela internet
Curadores escolheram títulos sem distribuição, como o premiado "Hunger"
ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi, sobretudo, em pequenas
telas de computador que os filmes selecionados para "Zona
Livre - Mostra Internacional de
Cinema" ganharam vida e público. Seja por meio de down-
loads ilegais, seja por iniciativa
de diretores que, simplesmente, se cansaram de ficar à mercê
dos distribuidores, os 20 títulos
que correrão pela tela do CCBB
do Rio são exemplares desta
era em que cliques no mouse
fazem as vezes de projetores de
cinema.
"Como as salas não dão conta
de exibir toda a produção, a internet virou um canal fundamental", diz Davi Pretto, 21, um
dos curadores do evento que
começou por Porto Alegre e
pretende correr outras cidades.
Os números servem de anteparo à tese: em 2009, foram lançados, nos cinemas brasileiros,
cerca de 300 filmes, que representam menos de 10% da produção mundial. Entre os filmes
selecionados, chamam a atenção "Hunger", do artista plástico Steve McQueen, que, mesmo com um prêmio em Cannes, não atraiu os distribuidores brasileiros, e "Stingray
Man", que estreou simultaneamente no Festival Sundance e
na internet.
O norte-americano Cory
McAbee, diretor de "Stingray",
disse, à Folha, que decidiu lançar o filme em todos os formatos possíveis pela simples razão
de que não tem sentido conter
o público. "A dinâmica do público é algo incrível. Ver um filme no iPod durante uma viagem pode ser uma opção tão
boa quanto vê-lo nos cinemas
ou na tela do computador", defende. "Lutar contra a pirataria
é perda de tempo."
Não se pense, porém, que todos os autores presentes à
mostra partilham dessa opinião. "Meus sentimentos são
misturados", admite o também
norte-americano Richard
Shenkman, que teve o filme pirateado. "Os downloads ilegais
fizeram com que meu filme se
tornasse mundialmente conhecido, o que jamais aconteceria pelos meios tradicionais",
diz o autor de "Man from
Earth", que virou hit do dia para a noite. "Se meu único objetivo fosse chegar ao público, eu
estaria radiante, mas quero ser
um profissional de cinema e,
para isso, os filmes têm de ser
lucrativos. No meu caso, apesar
do sucesso, a produção continua no vermelho."
É, justamente, a tentativa de
conciliação entre esse dois
mundos que move os organizadores do "Zona Livre". "Como
o download é ilegal, prefiro não
dizer se baixo filmes ou não. O
que posso dizer é que a internet
é democrática e dá acesso a todo tipo de informação, mas o
lugar dos filmes é o cinema. Na
sala de cinema, vivendo a experiência coletiva, você vai sentir
coisas que não sentirá em frente ao computador."
ZONA LIVRE
Quando: de 9 a 28 de fevereiro
Onde: CCBB - Rio de Janeiro (r. 1º de
Março, centro)
Quanto: R$ 3 (meia-entrada) e R$ 6
Classificação: de 10 a 18 anos
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