São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

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Mostra reúne, na sala de cinema, filmes propagados pela internet

Curadores escolheram títulos sem distribuição, como o premiado "Hunger"

ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi, sobretudo, em pequenas telas de computador que os filmes selecionados para "Zona Livre - Mostra Internacional de Cinema" ganharam vida e público. Seja por meio de down- loads ilegais, seja por iniciativa de diretores que, simplesmente, se cansaram de ficar à mercê dos distribuidores, os 20 títulos que correrão pela tela do CCBB do Rio são exemplares desta era em que cliques no mouse fazem as vezes de projetores de cinema.
"Como as salas não dão conta de exibir toda a produção, a internet virou um canal fundamental", diz Davi Pretto, 21, um dos curadores do evento que começou por Porto Alegre e pretende correr outras cidades. Os números servem de anteparo à tese: em 2009, foram lançados, nos cinemas brasileiros, cerca de 300 filmes, que representam menos de 10% da produção mundial. Entre os filmes selecionados, chamam a atenção "Hunger", do artista plástico Steve McQueen, que, mesmo com um prêmio em Cannes, não atraiu os distribuidores brasileiros, e "Stingray Man", que estreou simultaneamente no Festival Sundance e na internet.
O norte-americano Cory McAbee, diretor de "Stingray", disse, à Folha, que decidiu lançar o filme em todos os formatos possíveis pela simples razão de que não tem sentido conter o público. "A dinâmica do público é algo incrível. Ver um filme no iPod durante uma viagem pode ser uma opção tão boa quanto vê-lo nos cinemas ou na tela do computador", defende. "Lutar contra a pirataria é perda de tempo."
Não se pense, porém, que todos os autores presentes à mostra partilham dessa opinião. "Meus sentimentos são misturados", admite o também norte-americano Richard Shenkman, que teve o filme pirateado. "Os downloads ilegais fizeram com que meu filme se tornasse mundialmente conhecido, o que jamais aconteceria pelos meios tradicionais", diz o autor de "Man from Earth", que virou hit do dia para a noite. "Se meu único objetivo fosse chegar ao público, eu estaria radiante, mas quero ser um profissional de cinema e, para isso, os filmes têm de ser lucrativos. No meu caso, apesar do sucesso, a produção continua no vermelho."
É, justamente, a tentativa de conciliação entre esse dois mundos que move os organizadores do "Zona Livre". "Como o download é ilegal, prefiro não dizer se baixo filmes ou não. O que posso dizer é que a internet é democrática e dá acesso a todo tipo de informação, mas o lugar dos filmes é o cinema. Na sala de cinema, vivendo a experiência coletiva, você vai sentir coisas que não sentirá em frente ao computador."


ZONA LIVRE

Quando: de 9 a 28 de fevereiro
Onde: CCBB - Rio de Janeiro (r. 1º de Março, centro)
Quanto: R$ 3 (meia-entrada) e R$ 6
Classificação: de 10 a 18 anos




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