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Lescher mostra "rios" em galeria
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Raios e rios estão na gênese de
"Paisagem Mínima", exposição
que Artur Lescher inaugura hoje
na galeria Nara Roesler.
"Raios" são duas peças em madeira amendoim, que partem
grossas, de cerca de 2,5 m de altura, para quase tocarem o chão,
formando um ângulo agudo em
relação à parede. As pontas, bem
finas, afiadas e pintadas de vermelho, produzem no espectador
uma sensação de instabilidade,
quase vertigem.
O trabalho partiu da elipse, forma sempre presente na obra do
paulistano de 43 anos. Uma peça
no jardim de inverno da galeria,
que não faz parte do conjunto da
exposição, dá uma pista.
Feita em resina preta com 2,5 m
de altura e 1 m de largura, a elipse
reflete a imagem do espectador,
seduzindo-o, e também se tornando ameaçadora, já que suas
bordas lembram gumes.
A obra -que teve variações
apresentadas no Malba, em Buenos Aires- fornece ainda outros
elementos constantes do escultor:
a relação com a arquitetura e a
grande dimensão, porém sem
perder a escala humana.
"Não gosto do monumental.
Trabalho em relação ao espaço e
ao espectador, não apenas com a
arquitetura", afirma Lescher, que
participou da Bienal do Mercosul
do ano passado com um trabalho
inspirado num sonho. Em um piso de saibro, ele dispôs dois grandes carretéis, dos quais se desenrolavam fios metálicos.
Um pouco à semelhança da
obra exposta em Porto Alegre, há
na mostra da Roesler dois trabalhos, um em arame rígido e outro
em ferro oxidado, que se desdobram em curvas pela galeria. As
pontas têm o formato de pêndulos, tema de uma série anterior de
Lescher. Os pêndulos ou o formato deles também estão presentes
em outras obras. Uma bela peça
feita em peroba rosa parte do teto
para quase tocar o chão, provocando mais uma vez a sensação de
perda de estabilidade.
Há também conjuntos formados por pêndulos tencionados
com cabos entre o teto e o chão.
Rios
Feitos de materiais distintos, há
dois trabalhos com o mesmo título: "Rio". Basicamente, são dois
rolos em cada, apoiados sob uma
base de madeira e de metal.
O maior, de papel azul da Prússia, se desenrola desenhando formas aveludadas pela parede e pelo chão da galeria. O outro, menor
e de papel alumínio, de embalagem de chocolate, fica apenas
com as pontas soltas.
O título, que Lescher não costuma dar aos seus trabalhos, abre
uma perspectiva. "De certo modo, resolvo o problema para o espectador. É algo oferecido, mas é
uma porta aberta, ninguém precisa aceitar."
Artur Lescher
Quando: abertura para convidados hoje
a partir das 20h; de seg. a sex., das 10h às
19h; sáb., das 11h às 15h. Até 8 de abril
Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa,
655/669, Jardim Europa, São Paulo, tel.
0/xx/113063-2344)
Quanto: entrada franca; obras de R$
10.000 a R$ 40 mil
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