São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2006

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Lescher mostra "rios" em galeria

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Raios e rios estão na gênese de "Paisagem Mínima", exposição que Artur Lescher inaugura hoje na galeria Nara Roesler.
"Raios" são duas peças em madeira amendoim, que partem grossas, de cerca de 2,5 m de altura, para quase tocarem o chão, formando um ângulo agudo em relação à parede. As pontas, bem finas, afiadas e pintadas de vermelho, produzem no espectador uma sensação de instabilidade, quase vertigem.
O trabalho partiu da elipse, forma sempre presente na obra do paulistano de 43 anos. Uma peça no jardim de inverno da galeria, que não faz parte do conjunto da exposição, dá uma pista.
Feita em resina preta com 2,5 m de altura e 1 m de largura, a elipse reflete a imagem do espectador, seduzindo-o, e também se tornando ameaçadora, já que suas bordas lembram gumes.
A obra -que teve variações apresentadas no Malba, em Buenos Aires- fornece ainda outros elementos constantes do escultor: a relação com a arquitetura e a grande dimensão, porém sem perder a escala humana.
"Não gosto do monumental. Trabalho em relação ao espaço e ao espectador, não apenas com a arquitetura", afirma Lescher, que participou da Bienal do Mercosul do ano passado com um trabalho inspirado num sonho. Em um piso de saibro, ele dispôs dois grandes carretéis, dos quais se desenrolavam fios metálicos.
Um pouco à semelhança da obra exposta em Porto Alegre, há na mostra da Roesler dois trabalhos, um em arame rígido e outro em ferro oxidado, que se desdobram em curvas pela galeria. As pontas têm o formato de pêndulos, tema de uma série anterior de Lescher. Os pêndulos ou o formato deles também estão presentes em outras obras. Uma bela peça feita em peroba rosa parte do teto para quase tocar o chão, provocando mais uma vez a sensação de perda de estabilidade.
Há também conjuntos formados por pêndulos tencionados com cabos entre o teto e o chão.

Rios
Feitos de materiais distintos, há dois trabalhos com o mesmo título: "Rio". Basicamente, são dois rolos em cada, apoiados sob uma base de madeira e de metal.
O maior, de papel azul da Prússia, se desenrola desenhando formas aveludadas pela parede e pelo chão da galeria. O outro, menor e de papel alumínio, de embalagem de chocolate, fica apenas com as pontas soltas.
O título, que Lescher não costuma dar aos seus trabalhos, abre uma perspectiva. "De certo modo, resolvo o problema para o espectador. É algo oferecido, mas é uma porta aberta, ninguém precisa aceitar."


Artur Lescher
Quando:
abertura para convidados hoje a partir das 20h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h. Até 8 de abril
Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655/669, Jardim Europa, São Paulo, tel. 0/xx/113063-2344)
Quanto: entrada franca; obras de R$ 10.000 a R$ 40 mil


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