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Crítica/"10.000 A.C."
Diretor de "Godzilla" volta com épico kitsch
Roland Emmerich filma blockbuster pesado com tribo pré-histórica fashion
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Desde que "Stargate" se
tornou um sucesso
inesperado nas bilheterias americanas, em 1994,
Roland Emmerich passou a ser
associado ao mais típico blockbuster contemporâneo. São dele filmes tão caros e pesados
quanto "Independence Day"
(1996) e "Godzilla" (1998).
Em "10.000 A.C.", Emmerich
volta ao estilo kitsch de "Stargate" -substituindo o visual
futurista-retrô daquele épico
involuntariamente cômico, estrelado por Kurt Russell e James Spader, por uma certa visão da pré-história da humanidade, sem estrelas no elenco.
Mas tudo muito se assemelha.
Emmerich tem uma incrível
capacidade de visualizar catástrofes, o que lhe rendeu momentos de brilho em "Independence Day" e "O Dia Depois de
Amanhã". Mas esse talento é
desperdiçado em "10.000 A.C.".
O espectador é convidado a
acompanhar uma tribo de caçadores que passa fome com o
que parece ser a iminente extinção de sua principal presa, o
mamute. A certa altura, a tribo
ainda sofre com o seqüestro de
alguns de seus jovens e de uma
bela menina de olhos azuis. Cabe ao herói D'Leh (Steven
Strait) resgatá-los.
O kitsch está em toda a parte,
a começar pelo visual da tribo
principal: todos têm cabelos
dreadlock que bem poderiam
estar em um desfile mais modernoso da São Paulo Fashion
Week. Uma narração ornamental, na voz de Omar Sharif,
deveria acentuar o caráter mítico da história, mas só reforça
seu lado kitsch. Até os efeitos
digitais dispensam o realismo
para buscar certa representação antiquada da pré-história.
Nada disso seria problema se
o filme encontrasse seu ritmo
e, pelo menos, oferecesse o que
promete: um belo espetáculo.
Vê-lo só nos obriga a dar crédito a Mel Gibson pelo semelhante e infinitamente superior
"Apocalypto".
10.000 A.C.
Produção: EUA, Nova Zelândia, 2008
Direção: Roland Emmerich
Com: Steven Strait, Camilla Belle, Omar Sharif e Cliff Curtis
Onde: estréia hoje nos cines Eldorado, Iguatemi Cinemark e circuito
Avaliação: ruim
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