São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Inverno forte, sóbrio e sofisticado

Temporada outono-inverno 2008/2009 de Paris termina com desfiles das grifes Louis Vuitton, Lanvin e YSL

Sobriedade, força, sofisticação e conforto podem ser as palavras-chaves da temporada do inverno 2008/2009 de Paris, que acabou no domingo, após oito dias de desfiles.
Parecem palavras contraditórias, mas o mistério da criação em Paris desta vez consistiu justamente em aliar as quatro coisas. O que pode ser entendido como resultado de uma certa exaustão dos experimentalismos dos últimos anos, um desejo de voltar às fontes mais clássicas e, sobretudo, uma preocupação forte com as vendas, quando parece se avizinhar uma recessão econômica.
Mesmo a exuberância criativa de alguns desfiles dos últimos dias, como o da Yves Saint Laurent, da Lanvin e da Louis Vuitton, ou o espetáculo da Chanel, que montou um carrossel na sala de desfiles, não chegaram a contradizer as linhas essenciais da temporada.
É claro que nem todos os estilistas seguiram à risca este rumo, e a graça do prêt-à-porter, hoje consiste justamente na liberdade de multiplicar caminhos. A sobriedade não elimina o sensualismo. A sofisticação diz mais respeito à complexidade técnica e criativa da roupa do que ao luxo. E o conforto não implica simplificação, mas numa adaptação às exigências concretas das mulheres.
Por isso a dominância fortíssima do preto na estação -quebrada apenas pelo branco, o marrom, o azul-marinho, o turquesa e as cores outonais- e o reinvestimento dos estilistas no pretinho básico.
Em Paris, predominaram as saias e os vestidos mais estreitos e próximos do corpo, com altura em geral acima do joelho -o que não impediu a Chanel de mostrar minissaias, ou a Saint Laurent e a Lanvin de exibirem formas abalonadas.
O tailleur fez uma reaparição fulminante. As calças foram exaustivamente recriadas, aparecendo largas, cigarretes ou com bocas-de-sino.
As estampas figurativas apareceram raramente em Paris, mais inclinada desta vez às formas abstratas e geométricas. Os estilistas preferiram enriquecer as peças com sobreposições ou apostar no corte e na construção, com um olhar arquitetônico -como nas golas e mangas supertrabalhadas.
Os mantôs, casacos e capas são peças essenciais do inverno 2008/2009, segundo Paris, sempre muito construídos e em tecidos sofisticados. Os tricôs vieram gigantes, em forma-casulo, ou esculturais.
As referências também se multiplicaram -estilo vitoriano, anos 40, 70 e 80 etc.-, mas uma se sobrepôs: o guarda-roupa masculino. Foi o sinal mais forte de que as mulheres querem estar muito bem preparadas para tempos difíceis.


com VIVIAN WHITEMAN

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