|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Inverno forte, sóbrio e sofisticado
Temporada outono-inverno 2008/2009 de Paris termina com desfiles
das grifes Louis Vuitton, Lanvin e YSL
Sobriedade, força, sofisticação e conforto podem ser as palavras-chaves da temporada do
inverno 2008/2009 de Paris,
que acabou no domingo, após
oito dias de desfiles.
Parecem palavras contraditórias, mas o mistério da criação em Paris desta vez consistiu justamente em aliar as quatro coisas. O que pode ser entendido como resultado de
uma certa exaustão dos experimentalismos dos últimos anos,
um desejo de voltar às fontes
mais clássicas e, sobretudo,
uma preocupação forte com as
vendas, quando parece se avizinhar uma recessão econômica.
Mesmo a exuberância criativa de alguns desfiles dos últimos dias, como o da Yves Saint
Laurent, da Lanvin e da Louis
Vuitton, ou o espetáculo da
Chanel, que montou um carrossel na sala de desfiles, não
chegaram a contradizer as linhas essenciais da temporada.
É claro que nem todos os estilistas seguiram à risca este rumo, e a graça do prêt-à-porter,
hoje consiste justamente na liberdade de multiplicar caminhos. A sobriedade não elimina
o sensualismo. A sofisticação
diz mais respeito à complexidade técnica e criativa da roupa
do que ao luxo. E o conforto não
implica simplificação, mas numa adaptação às exigências
concretas das mulheres.
Por isso a dominância fortíssima do preto na estação -quebrada apenas pelo branco, o
marrom, o azul-marinho, o turquesa e as cores outonais- e o
reinvestimento dos estilistas
no pretinho básico.
Em Paris, predominaram as
saias e os vestidos mais estreitos e próximos do corpo, com
altura em geral acima do joelho
-o que não impediu a Chanel
de mostrar minissaias, ou a
Saint Laurent e a Lanvin de exibirem formas abalonadas.
O tailleur fez uma reaparição
fulminante. As calças foram
exaustivamente recriadas, aparecendo largas, cigarretes ou
com bocas-de-sino.
As estampas figurativas apareceram raramente em Paris,
mais inclinada desta vez às formas abstratas e geométricas.
Os estilistas preferiram enriquecer as peças com sobreposições ou apostar no corte e na
construção, com um olhar arquitetônico -como nas golas e
mangas supertrabalhadas.
Os mantôs, casacos e capas
são peças essenciais do inverno
2008/2009, segundo Paris,
sempre muito construídos e
em tecidos sofisticados. Os tricôs vieram gigantes, em forma-casulo, ou esculturais.
As referências também se
multiplicaram -estilo vitoriano, anos 40, 70 e 80 etc.-, mas
uma se sobrepôs: o guarda-roupa masculino. Foi o sinal mais
forte de que as mulheres querem estar muito bem preparadas para tempos difíceis.
com VIVIAN WHITEMAN
Texto Anterior: Isto é Moore Próximo Texto: Moda como exibição de poder é injustificável, diz Paulo Coelho Índice
|