DA REPORTAGEM LOCAL

Em 87 obras, o artista plástico Marcelo Cipis mostra, a partir de hoje, a trajetória de 17 anos de trabalho. "É uma minirretrospectiva, na qual apresento diferentes séries que produzi, desde minha primeira pintura a óleo, em 1987", conta Cipis, que também faz ilustrações para a Folha.
Apesar do caráter retrospectivo, a exposição não segue uma ordem cronológica. A cor acaba sendo a linha mais visível para a reunião dos trabalhos, especialmente no segundo andar da galeria. Em uma das paredes, por exemplo, há apenas obras em amarelo e, em outra, em vermelho. "São composições de cor, nas quais as obras brincam entre si."
A apropriação da poética de outros artistas, como os franceses Matisse (1869-1954), Léger (1881-1955) e Picabia (1879-1953), é uma das características mais marcantes da exposição. "O que pretendo, ao usar esses artistas como referência, é buscar a alegria, o prazer no trabalho, como fez Matisse, por exemplo. Quero algo que soe agradável aos olhos, algo que seduza, algo lúdico", diz o artista.
Em formatos diversos, as obras possuem uma estrutura comum: a criação de imagens, às vezes figurativas, às vezes não, centralizadas em campos de cor. Em algumas delas, o traço do ilustrador torna-se mais aparente. "Antes eu buscava diferenciar meu trabalho de ilustrador e artista, como se eles não tivessem nada a ver um com o outro. Mas, ultimamente, eles foram se juntando." Como afirma o artista Sérgio Romagnolo no catálogo da mostra, as obras em conjunto "funcionam como enigmas ou paradoxos que se repetem e se complementam".
Representativas são as obras que se utilizam de imagens de um tambor como figura central. "Em 1995, tive um momento de impasse, não conseguia mais produzir. Foi utilizando o tambor como referência que ganhei uma nova ênfase, que foi se desdobrando ao longo do tempo", explica o artista.