São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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MÔNICA BERGAMO

Daslu, MV Bill e a "realidade do Brasil"

João Sal/Folha Imagem
Eliana Tranchesi (esq.), ao lado da líder comunitária Rosana, se irrita com o protesto de Lúcia (dir.)


Em um debate programado para celebrar uma união de milionários e miseráveis, o rapper MVBill deixou sem resposta o único questionamento dissonante da noite. Era o protesto da socióloga Lúcia Mineiro, que depois contou à coluna que se sentiu "um peixe fora d'água" no lançamento do livro "Falcão - Meninos do Tráfico", assinado por Bill, no luxuoso Terraço Daslu. Seu discurso:
 

"Estamos aqui na Daslu, no templo do consumismo! Isso aqui também é responsável pela violência."
 

Folha - Por que você se calou diante do protesto?
MV Bill
- Na realidade, eu não tinha muito o que falar. Aquilo [a opinião da socióloga] não representa o pensamento da maioria. Lancei o livro na Daslu para ampliar a discussão sobre o tráfico.

Folha - Considera legítima essa parceria com a Daslu?
MV Bill -
Olha, ainda que estivessem nos usando para passar uma boa imagem... E daí? Mas eu não sou ingênuo. Sei que o fato de ser famoso me deixa incolor.

 

Rosana, líder comunitária que defendeu a Daslu ao microfone após o protesto da socióloga, emocionou as clientes da loja presentes ao encontro. A empresária Verane Murad Lemes Soares, dona da Viação Andorinha (blusa preta Glória Coelho, cachecol Reinaldo Lourenço), chorou.

Verane Murad Lemes Soares - O que essa mulher [Lúcia] falou não tem nada a ver! Misturou consumismo com violência! Estamos aqui num evento tão bonito...

 

Eliana Tranchesi também se chateou com a reclamação. "Ela tem que entender que o consumo é bom! Nós, empresários, geramos empregos, pagamos impostos, gente! Não é rico contra pobre!" Eliana, que é investigada por sonegação fiscal, se sente perseguida. Ficou chateada com um jornal do Acre, que publicou que a Daslu teria presenteado Lu Alckmin com 400 peças de roupa -quem, na verdade, afirma ter dado os presentes é o estilista Rogério Figueiredo. "Mas é que tudo tem que ser culpa da Daslu, né? Não sei por quê! Nós só fazemos coisa boa!" Ela diz que nunca presenteou dona Lu com vestidos. "Ela compra as roupas dela aqui, mas nem compra muito, é comedida no consumo. A Lu é uma pessoa corretíssima e muito discreta", diz ela.
 

Ânimos acalmados, segue-se a festa, com mini-pãezinhos, água, refrigerante e prosseco.

Nas primeiras fileiras, clientes da Daslu e moradores da favela Coliseu, vizinha da loja. Ao fundo, dasluzetes como Eduarda Falci, com o namorado, Bernardino Tranchesi, filho de Eliana. "O documentário mostra a dura realidade. É diferente da vida que a gente tem", diz ele. Wellington Colombo, 31, atendente das Casas Bahia, estava na Daslu pela primeira vez. Morador do Grajaú, ele chegou de ônibus.
 

Folha - Como foi entrar a pé aqui?
Wellington Colombo -
Meio frustrante. Não me senti bem. O segurança me olhou de cima abaixo e falou: "Entra por aquele cantinho ali". E eu vim com a minha melhor roupa [risos]. Mas, na recepção, me trataram superbem.
 

O rapper e escritor Toni C., que mora em Carapicuíba, era também um estreante na loja. "Só mesmo o rap pra me trazer aqui!", comentava. "Me sinto um marciano, mas também acho tudo diferente. Aqui, tenho medo de deixar minha bolsa em qualquer lugar."
 

Para Eliana Tranchesi -que vestia um pretinho Daslu e colar de brilhantes- o saldo do evento foi "positivo". "Como empresária, tenho que acordar as pessoas para a realidade do Brasil."

PÁTIO 1
A situação da frota da Varig ontem era crítica: nada menos que 15 das 72 aeronaves da empresa estavam paradas, com problemas de manutenção. Pelo menos sete eram aviões destinados a vôos internacionais. Estavam estacionados, à espera de consertos: três Boeing 777, três MD-11 e um 767.

PÁTIO 2
A situação dos aviões dificultava a idéia da empresa de focar os serviços da Varig em rotas internacionais.

PÁTIO 3
O problema das aeronaves "quebradas" se agravou depois que a VEM, empresa que cuida da manutenção dos aviões, começou a cobrar pagamento em dia pelos serviços. Hoje a dívida da companhia aérea com a VEM chega a R$ 102 milhões -isso sem contar os R$ 100 milhões inscritos no plano de recuperação judicial da empresa.
 

Antes a VEM pertencia à Varig, e por isso mal cobrava pelos serviços de manutenção. Depois que foi vendida para a AeroLB, a situação mudou.

POLTRONA
Nas reuniões internas, a Varig já trabalha com a possibilidade de sua participação no mercado cair de 19% em janeiro para 13% agora. Os dados serão divulgados em breve pelo DAC (Departamento de Aviação Civil).

NÚMERO UM
A Academia Paulista de Letras, que empossou no mês passado Gabriel Chalita na cadeira número 5, será palco de novas eleições. Com a morte do jornalista José Benedito Silveira Peixoto, está vaga a cadeira número 1 da instituição.

RECORDAR É VIVER
Quando a entrevista de Fernando Henrique Cardoso a Jô Soares terminou, a platéia do programa reclamou, pedindo mais: "Aaaaaaaaaaaahhh!!!". Jô perguntou: "Querem mais?". Resposta positiva. "Querem mais oito anos de governo [de FHC]?". Aí foi diferente: "Nããããão!", responderam, do fundão, estudantes convidados para a gravação do programa.

APERTA AQUI, CORTA ALI
Depois de negociar com os patrocinadores, a promoter Alicinha Cavalcanti só conseguiu mesmo cem "vagas" para a lista VIP do show de Jack Johnson hoje, em SP. "É pouco, mas dei um jeito."

@ - bergamo@folhasp.com.br
COM DANIEL BERGAMASCO E AUDREY FURLANETO


CURTO-CIRCUITO

A CIE Brasil fechou contrato de três anos para shows no Citibank
Hall, a ser inaugurado na terça-feira, com Ney Matogrosso.
É hoje, no hotel Unique, a segunda edição do projeto RBK Tops,
da Reebok, festa que reúne DJs internacionais de house.
A Osklen lança a coleção de inverno 2006 hoje, nas lojas da rua
Oscar Freire e do shopping Iguatemi.
Os deputados Ricardo Izar e Arlindo Chinaglia participam da
estréia de "Em Questão", hoje, às 23h, na TV Gazeta.
O Quartier Latin abre hoje, às 21h, no teatro Sérgio Cardoso,
o "Beatles Lado D", uma leitura coreográfica das músicas.


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