São Paulo, sábado, 07 de abril de 2007

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Fora da ordem

Para o antropólogo Otávio Velho, elite brasileira quis ser "mais moderna que os inventores da modernidade", um recurso de distinção social; agora, ele afirma, as coisas começam a mudar

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Por que pretendemos ser mais modernos que os supostos modernos, aqueles que inventaram a modernidade?"
A questão, proposta pelo antropólogo Otávio Velho, 65, professor emérito do Museu Nacional, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), pode servir para amarrar boa parte dos artigos reunidos em seu novo livro, "Mais Realistas do que o Rei - Ocidentalismo, Religião e Modernidades Alternativas" (Topbooks, R$ 45,90, 383 págs.).
Parte da resposta é que no Brasil, como em vizinhos latino-americanos, foram construídas "modernidades de redoma", ele diz, que serviam ao final para distinguir e estabelecer hierarquias sociais. Resultado de resto oposto ao objetivo manifesto da modernidade, que seria o do estabelecimento da igualdade entre os indivíduos e da impessoalidade da lei.
Uns, os que foram à universidade, os brancos, os que não misturam política e religião, os que defendem a "pureza" quase imutável das instituições, estariam, esses modernos, dentro da redoma. Do lado de fora, os outros de sempre.
A novidade, para o antropólogo, é que por toda parte essa "modernidade de redoma" parece apresentar sinais de crise, e as distinções já não são tão seguras. Algo que se manifesta na proliferação de universidades particulares -mesmo que de má qualidade- e na discussão sobre as cotas, por exemplo.


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