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Tréplica
Escolhas da reportagem foram apenas jornalísticas
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL
Escrevo resenhas de música, mas sou, sobretudo, repórter, e foi nesta
condição que escrevi o texto
"Vida de som e fúria". As escolhas feitas não me parecem de
difícil compreensão para quem
atua em jornalismo.
Wilson Simonal, um excepcional cantor, tornou-se tabu
ao ter sua imagem associada ao
regime militar. O primeiro documentário sobre sua vida
("Ninguém Sabe o Duro que
Dei") não poderia passar ao largo disso, e ainda teve a ousadia
de buscar o contador que foi o
pivô da derrocada do artista.
Essa redescoberta, somada à
dramaticidade da transformação de um astro em pessoa fartamente odiada, dificilmente
deixaria de ser o carro-chefe de
uma reportagem sobre o tema.
No delicado caso de Simonal,
o equilíbrio entre o quanto falar de seu talento e o quanto falar de sua queda é difícil de alcançar. Críticas sempre existirão e, possivelmente, todas têm
seu fundamento. Se por um lado a família queria ver ressaltados os dotes musicais, por outro recebi críticas por não ter
mostrado "provas" da relação
do cantor com o regime militar,
como constam do processo de
que Simonal foi réu.
Conforme mostrou reportagem da Folha de 26 de junho
de 2000, o juiz João de Deus
Lacerda Menna Barreto, baseado em três depoimentos
(um deles, do próprio Simonal), classificou o cantor, em
1974, como "colaborador das
Forças Armadas e informante
do Dops [Departamento de Ordem Política e Social]".
"Provas" como essa não estão no filme, que não esclarece
completamente, portanto, o
episódio. O documentário também tem outros objetivos, como bem ressalta Max de Castro
e está dito na reportagem, ainda que sem o destaque desejado pela família de Simonal.
Sem dúvida, "o filme vale a pena ser visto", assim como o
cantor vale a pena ser ouvido.
Não creio que meu texto vá
prejudicar nenhum dos dois
objetivos. Talvez, apesar dos
supostos defeitos, até os ajude.
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