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Design brasileiro antecipou onda verde mundial
Antes da moda sustentável, produtos do país já exploravam materiais renováveis em objetos de valor quase artístico
Designer Fred Gelli fez convites para festival em folhas secas; edição de livro sobre Frans Krajcberg não usou tinta na capa
DA REPORTAGEM LOCAL
As razões pelas quais o design brasileiro está em alta no
exterior podem ser reconhecidas facilmente na mostra no
MAM-SP. "Antes de conceitos
como sustentabilidade e uso
ecológico dos materiais estarem na moda em âmbito internacional, os designers brasileiros já tinham isso como fundamento de suas criações", avalia
a curadora, Adélia Borges.
Isso é muito claro, por exemplo, nos convites impressos em
folhas secas, de autoria do carioca Fred Gelli, que foram
apresentados no 55º Festival
de Publicidade de Cannes, no
ano passado. As inscrições nas
folhas foram feitas por corte a
laser, sem o uso de tintas.
O mesmo tipo de preocupação também pode ser percebido no livro-catálogo "Frans
Krajcberg: Natura", sobre exposição do artista ocorrida em
2008 na Oca, em São Paulo.
Design que vira arte
Assinado pelo escritório carioca Tecnopop, o projeto gráfico da publicação inclui uma capa que imita um tronco queimado de árvore. Feito de laminado de imbuia (que tem certificado de manejo sustentável),
o invólucro não utiliza tintas
para a impressão de letras em
sua superfície. "Colocado de pé,
o catálogo vira um objeto que
está na fronteira da arte e do
design", diz Borges.
Tais limites entre o design e
outros tipos de artes e atividades são borrados a todo tempo
pelos profissionais, destaca a
curadora. Assim, os projetos
gráficos de Elaine Ramos para a
coleção Moda Brasileira, da
editora Cosac Naify, dialogam
com processos da moda na concepção dos livros.
"A designer embaralha as noções de avesso e de direito. A
lombada é exposta e mostra a
colagem das partes internas da
edição, as capas ganham tecido
e dobraduras", enumera Borges. A mostra também exibe o
livro "Pós-Tudo - 50 Anos de
Cultura na Ilustrada" (Publifolha), com projeto gráfico de
Eliane Stephan.
Para a surpresa de alguns,
uma prosaica vassoura Noviça
estará no centro da mostra. O
produto agora tem mais variedade de cores e utiliza plástico
reprocessado. "Não deixa de
ser provocativo valorizar um
objeto tão banal no centro de
um museu", diz Borges.
(MG)
DESIGN BRASILEIRO HOJE:
FRONTEIRAS
Quando: abertura hoje, às 20h (convidados); de ter. a dom., das 10h às
18h; até 28/6
Onde: MAM-SP (pq. Ibirapuera, portão 3, 0/xx/ 11/ 5085-1300); livre
Quanto: R$ 5,50; grátis (dom.)
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