São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Design brasileiro antecipou onda verde mundial

Antes da moda sustentável, produtos do país já exploravam materiais renováveis em objetos de valor quase artístico

Designer Fred Gelli fez convites para festival em folhas secas; edição de livro sobre Frans Krajcberg não usou tinta na capa

DA REPORTAGEM LOCAL

As razões pelas quais o design brasileiro está em alta no exterior podem ser reconhecidas facilmente na mostra no MAM-SP. "Antes de conceitos como sustentabilidade e uso ecológico dos materiais estarem na moda em âmbito internacional, os designers brasileiros já tinham isso como fundamento de suas criações", avalia a curadora, Adélia Borges.
Isso é muito claro, por exemplo, nos convites impressos em folhas secas, de autoria do carioca Fred Gelli, que foram apresentados no 55º Festival de Publicidade de Cannes, no ano passado. As inscrições nas folhas foram feitas por corte a laser, sem o uso de tintas.
O mesmo tipo de preocupação também pode ser percebido no livro-catálogo "Frans Krajcberg: Natura", sobre exposição do artista ocorrida em 2008 na Oca, em São Paulo.

Design que vira arte
Assinado pelo escritório carioca Tecnopop, o projeto gráfico da publicação inclui uma capa que imita um tronco queimado de árvore. Feito de laminado de imbuia (que tem certificado de manejo sustentável), o invólucro não utiliza tintas para a impressão de letras em sua superfície. "Colocado de pé, o catálogo vira um objeto que está na fronteira da arte e do design", diz Borges.
Tais limites entre o design e outros tipos de artes e atividades são borrados a todo tempo pelos profissionais, destaca a curadora. Assim, os projetos gráficos de Elaine Ramos para a coleção Moda Brasileira, da editora Cosac Naify, dialogam com processos da moda na concepção dos livros.
"A designer embaralha as noções de avesso e de direito. A lombada é exposta e mostra a colagem das partes internas da edição, as capas ganham tecido e dobraduras", enumera Borges. A mostra também exibe o livro "Pós-Tudo - 50 Anos de Cultura na Ilustrada" (Publifolha), com projeto gráfico de Eliane Stephan.
Para a surpresa de alguns, uma prosaica vassoura Noviça estará no centro da mostra. O produto agora tem mais variedade de cores e utiliza plástico reprocessado. "Não deixa de ser provocativo valorizar um objeto tão banal no centro de um museu", diz Borges. (MG)


DESIGN BRASILEIRO HOJE: FRONTEIRAS

Quando: abertura hoje, às 20h (convidados); de ter. a dom., das 10h às 18h; até 28/6
Onde: MAM-SP (pq. Ibirapuera, portão 3, 0/xx/ 11/ 5085-1300); livre
Quanto: R$ 5,50; grátis (dom.)



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